Se dá para sentir o bafo de alho do amigo, dá para pegar covid-19

Use a distância do “bafo de alho” para saber se está perto o suficiente de outra pessoa para evitar a transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2), segundo um cientista citado pelo jornal britânico The Guardian.

Para o virologista Julian Tang, da Leicester Royal Infirmary (Enfermaria Real de Leicester), coautor de um estudo publicado na última quarta (14/4) no periódico científico British Medical Journal (BMJ), os governos e autoridades de saúde deveriam “concentrar os esforços na transmissão aérea” da covid-19.

Questionado se o foco em higienizar as mãos estava errado, o cientista diz que a ênfase não está correta. “A mensagem ‘mãos, rosto e espaço’, deveria ser realmente ‘espaço, espaço e mãos’. A forma como esse vírus transmite é de fato pela distância de conversação, dentro de um metro”, comenta Tang, citado pelo The Guardian.

Quando se está conversando com alguém, compartilhando o mesmo ar, é preciso levar em conta a distância do “bafo de alho”, alerta o virologista. “Então, se você consegue sentir o cheiro do almoço do seu amigo, está inalando um pouco desse ar, assim como qualquer vírus que seja exalado. Por isso dizemos que o uso de máscara e o distanciamento social são importantes, mas o ambiente precisa ser melhorado e isso pode ser feito com ventilação”, orienta Julian Tang, segundo o jornal britânico.

Ambiente ventilado é essencial

O artigo recém-publicado no BMJ enfatiza a importância da transmissão do vírus por aerossol. Os autores, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, da Universidade de Hong Kong, na China, da Universidade Napier de Edimburgo, na Escócia, e da Virginia Tech, nos Estados Unidos, afirmam que “as menores partículas suspensas podem permanecer no ar por horas”.

Eles acrescentaram que as pessoas têm muito mais probabilidade de se infectar numa sala com janelas fechadas ou sem sistema de ventilação.

“Está claro que o SARS-CoV-2 é transmitido principalmente entre pessoas próximas, por meio da inalação. Isso não significa que a transmissão pelo contato com superfícies ou que a rota aérea de longo alcance não ocorra, mas são menos importantes durante as breves interações cotidianas na distância usual de conversação de um metro”, esclarecem os pesquisadores no estudo.

Os cientistas salientam que a taxa de transmissão da covid-19 após tocar superfícies contaminadas é considerada baixa.