Saúde

Remédio molnupiravir, aprovado pela Anvisa para venda em farmácia, favorece recuperação da covid-19, diz estudo

O medicamento Lagevrio (molnupiravir) foi testado em 25.000 voluntários que estavam vacinados contra o novo coronavírus e reduziu em quatro dias a duração dos sintomas

Por João Paulo Martins  em 23 de dezembro de 2022

(Foto: Alamy)

 

Segundo estudo publicado na última quinta (22/12) na revista científica The Lancet, o medicamento antiviral Langevrio (molnupiravir), produzido pela biofarmacêutica americana Merck Sharp and Dohme (MSD), foi testado em mais de 25.000 voluntários vacinados contra a covid-19 e ajudou na redução do tempo de recuperação da doença.

Como mostra a emissora estatal britânica BBC, o remédio foi administrado aos participantes na casa deles, duas vezes ao dia, durante cinco dias, enquanto apresentavam a variante ômicron do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Todos os participantes corriam alto risco de morte ou hospitalização por covid devido à idade ou condições de saúde subjacentes.

Apesar de ter ajudado na recuperação mais rápida, o molnupiravir não reduziu as taxas de mortalidade ou de internações hospitalares, informa a emissora. Os achados se deram em comparação com pacientes que receberam tratamento padrão e também tiveram a infecção.

A pesquisa atual revela que o tempo de recuperação diminuiu cerca de quatro dias e também houve redução na carga viral (nível de infecção).

O molnupiravir foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta (22/12) para venda em farmácias, com retenção de receita, mas indicado apenas para pessoas que correm o risco de ter quadro grave de covid-19. Ele não é indicado para mulheres grávidas, pois, segundo a própria MSD, pode causar danos ao feto. 

Ainda não se sabe o custo do remédio no Brasil, mas, de acordo com a BBC, sete dias de tratamento custam 577 libras (cerca de R$ 3.600).

No estudo recém-divulgado, os voluntários precisavam ter até cinco dias do início dos sintomas e não apresentarem quadros avançados da doença. Eles tinham de 18 a 50 anos e comorbidades (condições de saúde subjacentes), que os deixavam mais vulneráveis à covid.

“Embora o molnupiravir tenha ajudado originalmente na redução da internação em pacientes com covid-19 que não tinham sido vacinados, esta última pesquisa repetiu o exercício na população altamente imunizada, demonstrando que a proteção da vacina é tão forte que não há nenhum benefício óbvio do medicamento em termos de redução adicional de hospitalização e mortes. No entanto, a duração dos sintomas e a disseminação do vírus foram marcadamente reduzidas. Temos que esperar para saber se haverá algum efeito perceptível na chamada covid longa”, explica o pesquisador Jonathan Van-Tam, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, coautor do estudo, citado pela BBC.

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