Saúde

Reino Unido inicia teste de vacina "à prova" de variantes do coronavírus

Chamado de GRT-R910, o imunizante utiliza proteínas do SARS-CoV-2 que são menos propensas às mutações

Por João Paulo Martins  em 20 de setembro de 2021

(Foto: Freepik)

 

A cidade de Manchester, no Reino Unido, está iniciando o primeiro teste em humanos da vacina à prova de variantes do novo coronavírus (SARS-CoV-2). É a primeira do mundo que poderia evitar a necessidade de doses extras de imunizantes ajustadas regularmente para combater novas cepas, informa o jornal britânico The Telegraph nesta segunda (20/9).

Grande parte das vacinas atuais tem como alvo a proteína spike, que fica na parte externa do SARS-CoV-2 e é usada pelo vírus para se prender às células humanas durante a infecção. No entanto, muitas das variantes perigosas têm mutações dessa proteína, o que pode tornar os imunizantes usados atualmente menos eficazes.

A nova vacina, chamada GRT-R910, utiliza RNAm e foi criada pelo consórcio entre a empresa biofarmacêutica americana Gritstone e a Universidade de Manchester, no Reino Unido. O teste de fase 1 será feito por voluntários com mais de 60 anos, esclarece o jornal.

O diferencial desse imunizante é a presença de outras proteínas do coronavírus que são menos propensas à mutação ao longo do tempo e também é projetada para induzir uma forte resposta das células T (de defesa do organismo).

Os resultados dos testes são esperados para março de 2022.

“Agora sabemos que a resposta imunológica às vacinas de primeira geração pode diminuir, especialmente em pessoas mais velhas. Com a prevalência de variantes emergentes, há uma necessidade clara de vigilância contínua para manter longe a covid-19. Achamos que a GRT-R910 provocará respostas imunológicas fortes, duráveis e amplas, que são críticas para manter a proteção da população idosa vulnerável”, afirma o pesquisador Andrew Ustianowski, da Universidade de Manchester, um dos autores da vacina, citado pelo The Telegraph.

Embora o novo imunizante esteja sendo testado inicialmente em pessoas a partir de 60 anos, estudos futuros também examinarão sua eficácia em outras populações vulneráveis, segundo os cientistas.

Em Manchester serão avaliadas a dose, a segurança, a tolerabilidade e a resposta imune pelo menos quatro meses após a segunda dose da GRT-R910.

“Nossa vacina é projetada para conduzir respostas robustas de células T, além de fortes respostas de anticorpos neutralizantes, oferecendo a promessa de imunidade mais duradoura”, comenta Andrew Allen, diretor executivo da Gritstone, citado pelo jornal britânico.

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