Saúde
Reino Unido desenvolve tratamento inovador para câncer no fígado, sem efeitos colaterais
A terapia chamada quimiossaturação consegue eficácia de quase 90% no controle do tumor hepático, segundo os cientistas
Um novo tratamento para câncer de fígado realizado no Reino Unido que isola o órgão e concentra a quimioterapia, conseguiu eficácia de quase 90% na estabilização do tumor em pacientes.
O procedimento pioneiro está sendo testado no Hospital Universitário Southampton e envolve o uso de dois pequenos balões para desviar o sangue do fígado por uma hora enquanto remédios são aplicados diretamente no órgão.
Segundo o jornal britânico The Independent, a terapia é conhecida como quimiossaturação ou perfusão hepática percutânea e permite que os médicos administrem doses muito maiores de quimioterapia do que os pacientes receberiam no modelo tradicional, já que não passa pela corrente sanguínea e nem causa danos desnecessários às partes saudáveis do corpo.
Durante a administração do medicamento, o sangue do fígado é drenado e processado por uma máquina de filtragem para reduzir a toxicidade antes de ser devolvido ao paciente pela veia jugular. Processo parecido com o da hemodiálise.
De acordo com o radiologista intervencionista Brian Stedman, ouvido pelo jornal britânico, foram realizados 300 procedimentos em 100 pacientes com um tipo de câncer conhecido como melanoma ocular, que se espalhou pelo fígado devido à metástase.
A terapia foi descrita em estudo publicado na edição de abril da revista científica Melanoma Research. Como mostra o The Independent, a equipe descobriu que os tumores de fígado podem ser controlados em 88,9% dos pacientes que receberam a quimiossaturação, com 62% de sobrevida de um ano e 30% de dois anos.
“Quando testamos esse tratamento pela primeira vez em dois pacientes em 2012, eu disse que seria um momento marcante no tratamento do câncer e realmente provou ser, dados aos novos resultados. A terapia permite isolar um órgão do corpo por 60 minutos, inundá-lo com alta dose de droga e depois filtrar o sangue, deixando-o quase completamente limpo, antes de devolvê-lo”, explica Brian Stedman, que é cofundador da ONG britânica Planets, que ajuda pacientes com câncer, citado pelo jornal.