Saúde

Mundo já registra 450 casos de hepatite aguda misteriosa em crianças; são 29 apenas no Brasil

Existem algumas teorias sobre possíveis causas para a infecção do fígado de origem desconhecida, incluindo mutação do adenovírus; confira

Por João Paulo Martins  em 14 de maio de 2022

(Foto: iStock)

 

Doze crianças já morreram em todo o mundo devido à hepatite aguda misteriosa. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, foram registrados, em dezenas de países, 450 casos da doença inflamatória que afeta o fígado de crianças. Esse número deve ser maior porque o Reino Unido anunciou outros 13 casos na noite da última quinta (12/5).

No Brasil, o Ministério da Saúde informou que monitora 29 casos suspeitos em oito estados: 13 em São Paulo; cinco no Rio de Janeiro; três em Minas Gerais; e dois no Paraná. As demais notificações foram feitas por Santa Catarina (2), Pernambuco (2), Espírito Santo (1) e Mato Grosso (1).

Segundo o tabloide britânico Daily Mail, das mortes relacionadas à doença de origem desconhecida, cinco ocorreram nos EUA, cinco na Indonésia, uma na Irlanda e outra na Palestina.

A maioria dos casos mundiais foi detectada no Reino Unido (176) e nos EUA (110) até agora, mas a falta de vigilância em alguns países pode estar mascarando a verdadeira escala do surto.

Todas as notificações no mundo têm em comum a causa misteriosa da doença. Normalmente, a hepatite costuma ser associada aos vírus A, B, C e E, mas eles não foram detectados em nenhum dos casos relatados até agora.

  

O que é hepatite?

  

Hepatite é uma inflamação do fígado que geralmente é causada por uma infecção viral ou dano hepático devido ao consumo de álcool ou outras substâncias, incluindo medicamentos.

Alguns casos se resolvem sozinhos, sem efeitos a longo prazo, mas uma pequena parte pode ser mortal, levando os pacientes a necessitarem de transplantes de fígado para sobreviver, revela o Daily Mail.

  

Quais são os sintomas?

  

Normalmente, pacientes com hepatite costumam sentir fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras e dores nas articulações.

Eles também podem sofrer de icterícia – quando a pele e o branco dos olhos ficam amarelos.

  

Conheça as principais teorias para a hepatite misteriosa que afeta crianças:

  

Coinfecção

Especialistas dizem que os casos podem estar ligados ao adenovírus, comumente associado a resfriados, mas mais pesquisas estão em andamento.

Isso, em combinação com a infecção causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), causaria o aumento nos casos, informa o Daily Mail.

Cerca de 75% dos casos no Reino Unido deram positivo para covid-19.

  

Imunidade enfraquecida

Especialistas britânicos acreditam que as medidas sanitárias adotadas na pandemia, especialmente o isolamento social, poderiam ter desempenhado um papel importante no surgimento da hepatite aguda infantil.

Isso porque as restrições teriam enfraquecido a imunidade das crianças devido à redução do contato social, deixando-as mais vulneráveis ao adenovírus, segundo o tabloide britânico.

Com o sistema imunológico menos preparado, até o adenovírus “normal” poderia causar problemas mais graves, porque as crianças não seriam capazes de responder ao vírus da mesma forma que antes da pandemia.

  

Mutação do adenovírus

Outra teoria que foi levantada é que o adenovírus pode ter sofrido “mutações incomuns”, revela o Daily Mail.

Isso significa que a nova cepa seria mais transmissível ou capaz de contornar a imunidade natural das crianças.

  

Nova variante covid

A Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido incluiu entre as possíveis causas da hepatite misteriosa infantil.

A covid já foi associada a inflamações no fígado de pacientes, ainda que em casos raros na pandemia. A diferença é que o coronavírus causou o problema em pessoas de todas as idades, e não apenas em crianças.

  

Gatilhos ambientais

De acordo com o tabloide britânico, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos também acreditam em outra possível causa para a hepatite misteriosa infantil: gatilhos ambientais.

Nesse caso, poluição ou exposição a drogas ou toxinas específicas seriam gatilhos que levariam à infecção aguda no fígado dos pequenos.

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