Saúde

Mulheres obesas que tomam anticoncepcional combinado podem ter risco 24 vezes maior de coágulo sanguíneo

Estudo associa contraceptivo oral, sobrepeso e obesidade de mulheres em idade fértil ao aumento do risco de tromboembolismo venoso

Por João Paulo Martins  em 16 de setembro de 2022

(Foto: Pixabay)

 

Mulheres obesas que usam anticoncepcionais orais contendo estrogênio e progesterona têm 24 vezes mais chance de tromboembolismo venoso (coágulos no sangue) em comparação com as que não têm sobrepeso e que não usam esse tipo de medicamento, de acordo com estudo de revisão publicado na última quarta (14/9) na revista científica ESC Heart Failure.

O excesso de peso e o uso constante de contraceptivos contendo estrogênio são conhecidos por aumentarem o risco de coágulos sanguíneos. Como mostra o site britânico News Medical, evidências científicas indicam que obesidade e anticoncepcionais orais combinados têm capacidade de induzir o tromboembolismo venoso. “Isso deve ser considerado nas decisões de prescrição. Produtos à base de progesterona, incluindo pílulas, dispositivos intrauterinos ou implantes, são uma alternativa mais segura à pílula combinada em mulheres com excesso de peso”, comenta o pesquisador Giuseppe Rosano, do Instituto San Raffaele de Hospitalização e Tratamento Científico, na Itália, um dos autores do estudo, citado pelo site britânico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevalência global de obesidade quase triplicou de 1975 a 2016, atingindo 15% das mulheres adultas. O risco de coágulos no sangue aumenta progressivamente quanto maior é o índice de massa corporal (IMC) e mais que dobra em mulheres obesas, em comparação com as de peso normal, revela o News Medical.

A obesidade gerar maior risco de tromboembolismo venoso em mulheres com menos de 40 anos, chegando a cinco vezes em relação às não obesas. “O risco particularmente alto em mulheres obesas com menos de 40 anos é importante, pois é nessa idade que muitas procuram a contracepção”, diz Rosano.

Os anticoncepcionais orais combinados são associados a uma probabilidade de coágulo sanguíneo de três a sete vezes maior nas usuárias em comparação com as que não utilizam esse método. Por outro lado, os remédios à base de progestina (hormônio sintético) não estão vinculados a um risco aumentado de tromboembolismo venoso.

Sobrepeso/obesidade junto ao uso de anticoncepcionais orais combinados potencializa a probabilidade de coágulos sanguíneos em mulheres em idade reprodutiva, mostra o site britânico. Um dos estudos revisados pela pesquisa atual analisou uma grande amostragem populacional e descobriu que sobrepeso e obesidade estariam associados a um aumento de 1,7 e 2,4 vezes no risco de tromboembolismo venoso, respectivamente. No entanto, em usuárias de pílula combinada, o risco dessa condição cardiovascular se mostrou 12 vezes maior em mulheres com sobrepeso e 24 vezes maior em mulheres obesas – quando comparado com as que não ingeriam esse tipo de medicamento e tinham peso normal.

“Mulheres obesas que tomam anticoncepcionais são vulneráveis ​​ao tromboembolismo venoso e devem tomar medidas para limitar outros fatores de risco para doenças cardiovasculares, por exemplo, parando de fumar e aumentando seus níveis de atividade física”, alerta Giuseppe Rosano, citado pelo News Medical.

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