Saúde

Médicos americanos curam 100% do câncer retal de pacientes usando imunoterapia

O tratamento com anticorpos PD-1 se deu em voluntários com tumor no reto sem metástase e de um tipo específico

Por João Paulo Martins  em 07 de junho de 2022

(Foto: Freepik)

 

Médicos conseguiram curar o câncer retal de pacientes com um tratamento experimental. O feito foi conquistado por oncologistas do Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering, em Nova Iorque (EUA) e o resultado, publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine no último domingo (5/6).

O tratamento usou imunoterapia com dostarlimabe (anticorpos PD-1), que aproveita o próprio sistema imunológico do paciente como um aliado contra o câncer, revela a versão britânica do jornal Metro. A primeira paciente a testar o novo tratamento foi Sascha Roth, que fez a imunoterapia por seis meses.

Os cientistas queriam ver se a imunoterapia sozinha poderia vencer o câncer retal sem metástase (não espalhou) em um grupo de pacientes cujo tumor continha uma mutação genética específica.

De acordo com o Metro, os pesquisadores achavam que a experiência de Roth poderia ser uma exceção, mas o resultado incrível foi repetido em todas os 14 voluntários do estudo. Eles apresentaram cura do câncer retal após a imunoterapia, sem necessidade dos tratamentos tradicionais, como radioterapia, cirurgia ou quimioterapia. Ainda melhor, o tumor não retornou em nenhum dos pacientes após dois anos do tratamento.

“É incrivelmente gratificante receber as lágrimas de felicidade e os e-mails alegres dos pacientes deste estudo que terminaram o tratamento e perceberam: ‘Oh meu Deus, eu consigo manter todas as funções normais do meu corpo que eu temia perder para a radioterapia ou cirurgia’”. Comenta a oncologista Andrea Cercek, uma das autoras do estudo, citada pelo jornal britânico.

Os participantes da pesquisa tinham tumores com uma composição genética específica conhecida como deficiência de reparo de incompatibilidade ou instabilidade de microssatélites. A estimativa é que de 5% a 10% de todos os pacientes com câncer retal tenham câncer desse tipo, revela o Metro.

O ensaio clínico também se concentrou em evitar a toxicidade frequentemente associada ao tratamento do câncer retal, um local de difícil acesso para os remédios tradicionais. “Eles podem sofrer disfunção intestinal e da bexiga, que altera a qualidade vida, além de incontinência, infertilidade, disfunção sexual e muito mais”, afirma o oncologista Luis Diaz, outro autor do estudo, também citado pelo jornal.

Todos os pacientes do estudo tinham tumores retais de estágio 2 ou 3, com deficiência de reparo de incompatibilidade, o que os deixava particularmente sensíveis à imunoterapia. Eles receberam o tratamento por via intravenosa a cada três semanas, durante seis meses.

Seus tumores foram rastreados de perto, explica Diaz, “usando exames por imagens, análise por endoscopia, bem como outros métodos”.

“A imunoterapia encolheu os tumores muito mais rápido do que eu esperava”, comenta Andrea Cercek ao Metro.

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