Saúde
Imunidade inata pode explicar quadros menos graves de covid-19, diz estudo
Segundo os cientistas, uma proteína da defesa original do organismo, que nasce com a gente, pode ser uma aliada na luta contra o coronavírus
Cientistas descobriram que a imunidade inata, espécie de “antepassado” dos atuais anticorpos, pode ajudar a explicar por que algumas pessoas são menos suscetíveis aos efeitos da covid-19.
O achado faz parte de um estudo publicado no último domingo (31/1) na revista científica Nature Immunology.
O foco da pesquisa foi a proteína chamada “lectina ligadora de manose”, presente no plasma, também conhecida como MBL, pelas iniciais em inglês de “mannose-binding lectin”. Segundo o site argentino Infobae, essa proteína é capaz de atacar o coronavírus de forma semelhante aos anticorpos reais, mas surge desde a infância, como parte da imunidade inata.
Essa é a primeira linha de defesa contra vírus, bactérias e outros micro-organismos que invadem nosso organismo. Enquanto isso, o sistema imunológico prepara a “equipe de defesa” direcionada (imunidade adaptativa), que se expressa por meio dos anticorpos específicos para cada tipo de infecção.
“Descobrimos que a MBL se liga à proteína spike do vírus e a bloqueia. E verificamos que é capaz de agir contra todas as variantes testadas, incluindo o ômicron. Isso é possível graças ao fato de estar ligado a certos ‘açúcares’ da proteína spike, que não mudam de uma variante para outra”, afirmam os pesquisadores Alberto Mantovani, da Universidade Humanitas, na Itália, e Elisa Vicenzi, do Instituto IRCCS Ospedale San Raffaele, também na Itália, ambos autores do estudo, citados pelo site argentino.
Ainda assim, em testes in vitro, os cientistas descobriram que a proteína a imunidade inata se mostrou um pouco menos potente do que os anticorpos produzidos por pacientes recuperados da covid-19.
A ideia é usar, futuramente, a MBL como opção de tratamento contra o vírus.
A proteína também pode ser usada como indicador da gravidade da covid. “Descobrimos que variantes genéticas que produzem diferentes quantidades de MBL circulante estão associadas a diferentes gravidades da doença. E isso representa mais um passo na compreensão de quais características genéticas influenciam a suscetibilidade ao vírus”, explica Mantovani, conforme o Infobae.
Apesar de a imunidade inata não ser mais eficaz que a vacinação contra o coronavírus, os pesquisadores afirmam que ela pode explicar por que muitas pessoas conseguem se livrar da infecção causada por ele sem sintomas graves.