Saúde
Idosa de 90 anos morre vítima de duas variantes do coronavírus na Bélgica
É o primeiro caso documentado de infecção dupla de covid-19 adquirida de duas pessoas diferentes pela paciente belga
Cientistas revelam que uma idosa de 90 anos da Bélgica foi vítimas de duas variantes da covid-19 que se instalaram em seu corpo ao mesmo tempo. Ela adquiriu as cepas Alfa e Beta do novo coronavírus (SARS-CoV-2), identificadas pela primeira vez no Reino Unido e na África do Sul, respectivamente.
Segundo matéria da emissora estatal britânica BBC, a idosa não resistiu à infecção e morreu em março de 2021. Ela ainda não havia sido vacinada. Os médicos que a atenderam suspeitam que ela contraiu a doença de duas pessoas diferentes.
O estudo desse caso, o primeiro a ser documentado, está sendo discutido no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, realizado de 9 a 12 de julho.
Vale lembrar que em janeiro de 2021, cientistas brasileiros relataram no estudo publicado em abril na revista científica Virus Research o caso de duas pessoas que haviam sido infectadas simultaneamente com dois tipos do SARS-CoV-2, sendo um deles a variante Gamma (surgiu no Brasil e é uma das mais perigosas).
Pesquisadores de Portugal trataram recentemente um jovem de 17 anos que parecia ter contraído outro tipo de covid-19 enquanto ainda se recuperava de uma infecção preexistente do coronavírus. Esse caso foi relatado num estudo publicado em fevereiro no periódico científico Microorganisms.
Caso da idosa belga
Conforme a BBC, a senhora de 90 anos, que foi infectada com as duas “variantes perigosas” (são novas versões do SARS-CoV-2 que preocupam especialistas), foi internada no hospital após sofrer algumas quedas, mas posteriormente desenvolveu piora dos sintomas respiratórios.
Testes de laboratório com amostras colhidas enquanto ela ainda estava internada revelaram que ela tinha covid-19 causada por duas versões diferentes do vírus, a Alfa e a Beta.
“Ambas as variantes estavam circulando na Bélgica na época, então é provável que a senhora tenha sido coinfectada com vírus diferentes de duas pessoas distintas. Infelizmente, não sabemos como ela foi infectada. Ela era uma senhora que vivia sozinha, mas recebeu muitos cuidadores. É difícil dizer se a coinfecção das duas variantes preocupantes desempenhou um papel na rápida deterioração da paciente”, explica a pesquisadora Anne Vankeerberghen, do hospital OLV, na cidade de Aalst, na Bélgica, uma das autoras do novo estudo, citada pela emissora britânica.
Como se sabe, os vírus sofrem constantes mutações à medida que se replicam. Isso cria novas cepas ou variantes.
No caso da covid-19 não foi diferente. O SARS-CoV-2 passou por algumas mudanças que podem lhe dar vantagens em relação à propagação da infecção. Por exemplo, uma cepa pode ser mais capaz de replicar ou evitar parte de nossa imunidade existente.