Saúde
EUA estão recolhendo milhões de embalagens de "Pinho Sol" por risco de contaminação por bactéria
O Pine-Sol, como é chamado o desinfetante vendido no mercado americano, pode conter Pseudomonas aeruginosa, bactéria perigosa para quem tem baixa imunidade
A empresa americana Clorox está retirando voluntariamente do mercado cerca de 37 milhões de garrafas das versões perfumadas do desinfetante Pine-Sol (que no Brasil se chama Pinho Sol, mas produzido pela Colgate-Palmolive) porque os produtos de limpeza podem conter bactéria perigosa para pessoas com sistema imunológico enfraquecido. A informação foi repassada pela Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor dos EUA (Consumer Product Safety Commission).
A equipe de pesquisa e desenvolvimento da Pine-Sol detectou bactérias durante uma “revisão de rotina do produto”, informa uma porta-voz da Clorox, citada pelo jornal americano The New York Times. A representante diz que foi detectada a bactéria Pseudomonas aeruginosa, muito comum no solo e na água.
Não houve relatos de doença ou danos causados pelos produtos que estão sendo recolhidos, de acordo com o jornal. Em comunicado, a Clorox afirma que o recall foi divulgado “com muita cautela”.
A P. aeruginosa não é considerada um perigo para a maioria das pessoas. Mas pacientes em recuperação ou que possuam sistema imunológico comprometido correm risco de infecção, alerta a Clorox, citada pelo The New York Times.
Quais produtos estão sendo recolhidos?
O recall que está sendo realizado nos EUA é voltado para vários modelos de Pine-Sol produzidos na fábrica de Forest Park, no estado da Geórgia, entre janeiro de 2021 e setembro de 2022. As garrafas afetadas têm códigos impressos começando com o prefixo “A4”, seguido por um número de cinco dígitos.
Os produtos originais da Pine-Sol, com aroma de pinho não estão incluídos no recall.
O recolhimento afeta os seguintes produtos: desinfetantes multissuperfície perfumados Pine-Sol, nos aromas Lavender Clean, Sparkling Wave e Lemon Fresh; desinfetantes multiuso CloroxPro Pine-Sol, nos aromas Lavender Clean, Sparkling Wave, Lemon Fresh e Orange Energy; e Clorox Professional Pine-Sol Lemon Fresh Cleaners.
A recomendação é que os consumidores deixem de usá-los imediatamente. Tire fotos dos códigos na garrafa e depois descarte-a. Não é necessário devolver ao estabelecimento em que foi comprado. Consumidores, varejistas e distribuidores podem solicitar reembolso.
O problema não vale para o Brasil, onde o produto, chamado Pinho-Sol, é fabricado pela Colgate-Palmolive. Veja a nota enviada pela empresa: “Esclarecemos que o produto 'Pine Sol' referenciado na matéria é produzido e comercializado nos Estados Unidos pela empresa Clorox e não pela Colgate-Palmolive. O produto 'Pinho Sol', fabricado e comercializado no Brasil pela Colgate-Palmolive, não tem nenhuma relação com o mencionado caso de recall”.
O que é Pseudomonas aeruginosa?
Como mostra o The New York Times, a bactéria que teria sido encontradas nos desinfetantes normalmente está presente na água ou no solo e pode causar infecções no sangue ou nos pulmões. Infelizmente a Pseudomonas aeruginosa pode ser altamente resistente a antibióticos.
Esse micro-organismo pode se espalhar facilmente pelas superfícies quando são tocadas por mãos contaminadas, informa Martin Blaser, diretor do Centro de Biotecnologia e Medicina Avançada da Universidade Rutgers (EUA), entrevistado pelo jornal americano. A maioria das pessoas é exposta a essa bactéria diariamente, inclusive ingerindo-a por meio de alimentos crus ou pela própria água.
Quem está bem de saúde geralmente não precisa se preocupar com a P. aeruginosa, revela o especialista, já que o risco de infecção, nesse caso, é “insignificante”.
Mas pacientes em hospitais correm mais risco se tiverem contato com a bactéria, incluindo quem usa respiração artificial e cateter, além de pessoas com feridas de cirurgia ou queimaduras.
A Pseudomonas aeruginosa é uma das principais causas de infecção pulmonar em vítimas de fibrose cística, diz o jornal americano. Pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como pacientes que realizam quimioterapia, também são particularmente suscetíveis à infecção, podendo ser até fatal, segundo Martin Blaser.