Saúde

Estudo descobre proteína que pode prevenir aterosclerose e aneurisma da aorta abdominal

Chamada de galectina-1, a proteína é essencial para a saúde dos vasos sanguíneos, evitando acúmulo de gordura e de células inflamatórias

Por Da Redação  em 18 de março de 2022

A aterosclerose se caracteriza pela deposição de gordura e células inflamatórias nas paredes dos vasos sanguíneos (Foto: iStock)

 

Em estudo publicado na última quarta (16/3), na revista científica Science Advances, cientistas revelam que a proteína galectina-1 (Gal-1) é capaz de ajudar na prevenção de aterosclerose e aneurisma da aorta abdominal.

Doenças cardiovasculares podem causar eventos como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral [AVC] e, portanto, é uma das principais causas de mortalidade na população. Tais eventos ocorrem devido à formação de placas ateroscleróticas nas artérias, processo denominado aterosclerose. As placas ateroscleróticas podem se romper, liberando seu conteúdo e ativando a coagulação e a formação de trombos que obstruem o fluxo sanguíneo”, explicam os cientistas no artigo, citados pelo jornal argentino La Nacion.

Já o aneurisma da aorta abdominal é caracterizado pela dilatação dessa artéria que passa no centro do abdome. É uma patologia assintomática de difícil diagnóstico, podendo evoluir para ruptura da aorta abdominal, evento que leva à morte na maioria dos casos.

No estudo recém-publicado, que durou mais de cinco anos, de acordo com o jornal argentino, a presença de galectina-1 deixou as artérias saudáveis e, quando seus níveis diminuem drasticamente, surge o risco dessas doenças cardiovasculares.

“Os dados sugerem que a perda de Gal-1 está associada ao desenvolvimento de doenças vasculares. De fato, o efeito da deleção do gene da galectina-1 foi analisado em modelo de camundongos com aterosclerose, observando que aqueles que não tinham Gal-1 desenvolveram mais e maiores placas ateroscleróticas, e em menos tempo, do que as cobaias com níveis normais da proteína”, afirma a pesquisadora Raquel Roldán-Montero, da Universidade Autônoma de Madrid, na Espanha, uma das autoras do estudo, citada pelo La Nacion.

Como mostra o jornal, a proteína tem papel na regulação de duas células associadas ao aparecimento de doenças vasculares: os macrófagos (realizam a “limpeza” do corpo) e as células musculares lisas.

 

Nível de Gal-1 e aterosclerose e aneurisma da aorta abdominal

 

Na aterosclerose, ocorre acúmulo de gordura (colesterol) e células inflamatórias (principalmente macrófagos) na parede da artéria, bem como perda da funcionalidade das células do músculo liso vascular (de dentro dos vasos sanguíneos).

“Este novo trabalho concentrou-se na investigação de novos mecanismos pelos quais a galectina-1 poderia proteger contra o desenvolvimento de aterosclerose e aneurisma da aorta abdominal. Por meio de estudos in vitro, a equipe de pesquisa observou que enquanto macrófagos deficientes em Gal-1 captavam mais colesterol, o tratamento com a proteína impedia a captação da gordura”, afirmam os pesquisadores no estudo, citados pelo jornal argentino.

Nos testes com cobaias e in vitro, os pesquisadores observaram que a redução dos níveis de galectina-1 levava a uma menor capacidade contrátil das células musculares lisas dos vasos.

Os tratamentos atuais para esses dois problemas cardiovasculares envolve o controle de fatores de risco, como níveis elevados de colesterol ou glicemia, hipertensão arterial e tabagismo.

“O papel da galectina-1 na modulação de processos inflamatórios e vasculares sugeriu que ela poderia desempenhar um papel protetor contra a aterosclerose”, comenta o pesquisador Gabriel Rabinovich, da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, principal autor do estudo, também citado pelo La Nacion.

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