Saúde
Estudo descobre em fazendas da Europa outra superbactéria que pode ameaçar a saúde humana
Cientistas encontraram uma perigosa variante da bactéria “Staphylococcus aureus resistente à meticilina”
Após cientistas descobrirem que a superbactéria Clostridioides difficile, uma das mais perigosas do mundo, foi encontrada em porcos criados na Dinamarca, agora, é a vez de uma variante da bactéria MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina) ser identificada em fazendas europeias.
No estudo publicado na revista científica eLife, na última terça (28/6), cientistas revelam que a cepa, chamada CC398, tornou-se o tipo dominante de MRSA na pecuária europeia nos últimos 50 anos. Ela também está associada às crescentes infecções humanas por essa superbactéria, segundo o site americano News Medical.
Os pesquisadores descobriram que a CC398 manteve sua resistência a antibióticos ao longo de décadas em porcos e outros animais. E é capaz de se adaptar rapidamente aos hospedeiros humanos, mantendo essa resistência aos medicamentos.
De acordo com o News Medical, os resultados devem ser vistos como alerta em potencial, já que essa variante da MRSA pode gerar risco para a saúde pública. A superbactéria tem infectado pessoas que tiveram ou não contato direto com os animais de criação nas fazendas.
“Níveis historicamente altos de uso de antibióticos podem ter levado à evolução dessa cepa da MRSA altamente resistente a antibióticos em fazendas de suínos. Descobrimos que a resistência a antibióticos associado ao gado é extremamente estável e persistiu por várias décadas, à medida que a bactéria se espalhou por diferentes espécies de animais”, explica a pesquisadora Gemma Murray, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, principal autora do estudo, citada pelo site americano.
O uso de antibióticos no gado da Europa reduziu bastante nos últimos anos. Mas os cientistas dizem que essas reduções no uso de medicamentos nas fazendas de suínos, devido a recentes mudanças nas políticas, provavelmente terão um impacto limitado na presença da variante da “Staphylococcus aureus resistente à meticilina” nos animais de criação, porque ela é muito estável.
Segundo o News Medical, o sucesso da CC398 na pecuária e sua capacidade de infectar humanos está ligado a três genes presentes no DNA da MRSA. Justamente essa parte do genoma dá certas características à superbactéria, incluindo a resistência a antibióticos e a capacidade de enganar o sistema imunológico humano.
Um dos motivos que levaram a essa resistência aos remédios é o uso de óxido de zinco em fazendas de suínos para prevenir diarreia em leitões. Por isso, a União Europeia deve proibir seu uso a partir deste mês. Mas os cientistas, citados pelo News Medical, dizem que essa proibição pode não ajudar a reduzir a prevalência da CC398 porque os genes que conferem a resistência a antibióticos nem sempre estão ligados que conferem resistência ao tratamento com zinco.
A “Staphylococcus aureus resistente à meticilina” foi identificada pela primeira vez em humanos em 1960. Devido à sua resistência aos antibióticos, é muito mais difícil de tratar do que outras infecções bacterianas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a MRSA uma das maiores ameaças à saúde humana.