Saúde

Estudo associa hipotireoidismo em idosos ao maior risco de demência

Baixa produção de hormônios na tireoide de pessoas acima de 65 anos poderia aumentar em 80% as chances de surgimento da demência

Por João Paulo Martins  em 08 de julho de 2022

(Foto: iStock)

 

Pessoas idosas com hipotireoidismo, ou baixa atividade da glândula tireoide, podem ter um risco aumentado de desenvolver demência, de acordo com um estudo publicado na última quarta (6/7) na revista científica Neurology.

A chance de aparecer o problema neurodegenerativo foi ainda maior em pessoas que usavam remédio para repor o hormônio tireoidiano.

Segundo o site do Ministério da Saúde, o hipotireoidismo é caracterizado pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tirozina) pela glândula tireoide. A baixa quantidade desses compostos leva à redução do metabolismo, tendo como consequência sintomas que incluem depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, queda de cabelo, ganho de peso e aumento do colesterol no sangue.

“Em alguns casos, os distúrbios da tireoide foram associados a sintomas de demência que podem ser reversíveis com o devido tratamento. Embora sejam necessários mais estudos para confirmar as descobertas, as pessoas devem estar cientes de que problemas da tireoide são um possível fator de risco para demência e terapias que podem prevenir ou retardar o declínio cognitivo irreversível”, alerta o pesquisador Chien-Hsiang Weng, da Universidade Brown em Providence, Rhode Island (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo site americano Neuroscience News.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas analisaram registros de saúde de 7.843 pacientes recém-diagnosticados com demência em Taiwan e os compararam com o mesmo número de pessoas que não tinham a condição neurológica. A média de idade dos participantes era de 75 anos e foi verificado também o histórico de hipotireoidismo ou hipertireoidismo (tireoide produz muito hormônio, aumentando o metabolismo).

De acordo com o Neuroscience News, 102 voluntários apresentavam hipotireoidismo e 133 tinham hipertireoidismo. Não foi verificada nenhuma ligação entre hipertireoidismo e demência.

Entre os que apresentavam a condição neurodegenerativa, 68 (0,9%) tinham hipotireoidismo, em comparação com 34 (0,4%) sem o problema.

Quando os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar o risco de demência, como sexo, idade, pressão alta e diabetes, descobriram que quem tinha mais de 65 anos e apresentava baixa atividade da tireoide teria 80% mais chances de desenvolver demência.

Para pessoas com menos de 65 anos, o histórico de hipotireoidismo não foi associado a um risco aumentado do problema neurológico.

Os cientistas analisaram os participantes que tomavam medicamentos para hipotireoidismo e descobriram que eles tinham risco três vezes maior de desenvolver demência do que quem não tomava remédio, revela o site americano.

Chien-Hsiang Weng lembra que o estudo é observacional e não prova que o hipotireoidismo seja uma causa de demência, revelando apenas uma associação. Além disso, os pesquisadores não conseguiram incluir informações sobre o nível de hipotireoidismo dos voluntários.

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