Saúde

Dose única da vacina da Pfizer só protege quem já teve covid-19, diz estudo

Imunizante da biofarmacêutica americana não gera resposta imunológica suficiente em pessoas que nunca foram infectadas pelo novo coronavírus

Por João Paulo Martins  em 03 de maio de 2021

Foto: Freepik

Uma única dose da vacina Pfizer/BioNTech só protege contra as variantes do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pessoas que já tiveram a covid-19, concluiu um estudo recente.

Naqueles que não foram previamente infectados e até agora receberam apenas uma dose do imunizante, a resposta do sistema imunológico às novas cepas do SARS-CoV-2 pode ser insuficiente.

As descobertas, publicadas na última sexta (30/4) na revista científica Science, apontam que as pessoas que tinham anteriormente covid-19 leve ou assintomática aumentaram significativamente a proteção contra as variantes de Kent (Reino Unido) e da África do Sul, após uma única dose da vacina da Pfizer, que usa RNAm.

Nas pessoas que nunca foram infectadas pelo coronavírus, a resposta imune foi menos forte após a primeira dose, o que as deixariam potencialmente expostas à doença.

Importância da segunda dose

“Nossas descobertas mostram que pessoas que receberam a primeira dose da vacina e que não foram previamente infectadas com SARS-CoV-2, não estão totalmente protegidas contra as variantes circulantes. Esse estudo destaca a importância de lançar uma segunda dose da vacina [da Pfizer] para proteger a população”, esclarece a pesquisadora Rosemary Boyton, da universidade Imperial College, de Londres, uma das autoras do estudo, citada pelo site da instituição de ensino.

Na pesquisa, amostras de sangue de profissionais de saúde do Reino Unido foram analisadas quanto à presença e níveis de imunidade contra a cepa original do SARS-CoV-2, bem como para as variantes Kent (B.1.1.7) e África do Sul (B.1.351).

Além dos anticorpos (proteínas que aderem ao vírus e ajudam a bloqueá-lo ou neutralizá-lo), os cientistas também se concentraram em dois tipos de glóbulos brancos: linfócitos B, que “lembram” do vírus; e linfócitos T, que reconhecem e destroem as células infectadas pelo coronavírus.

O estudo descobriu que, após uma primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech, quem havia sido infectado anteriormente apresentou maior resposta das células-T, células-B e dos anticorpos, o que pode fornecer proteção eficaz contra o SARS-CoV-2, bem como contra as cepas de Kent e da África do Sul.

No entanto, em pessoas que nunca tiveram covid-19, a dose única do imunizante criado pela biofarmacêutica americana resultou em níveis mais baixos de anticorpos contra o coronavírus e as duas variantes, potencialmente deixando os vacinados vulneráveis à infecção – gerando demanda pela segunda dose.

A equipe analisou duas variantes, mas acreditam que os resultados poderiam se aplicar a outras cepas em circulação, como as do Brasil (P.1) e da Índia (B.1.617 e B.1.618).

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