Saúde

Covid-19 pode causar danos aos testículos e redução nos níveis de testosterona

Estudo com cobaias, realizado na China, descobriu que o coronavírus pode causar vários atrofia, inflamação e danos às células dos testículos, além de alteração hormonal

Por João Paulo Martins  em 25 de fevereiro de 2022

Cientistas chineses detectaram problemas nos testículos de hamsters que foram infectados pela covid-19 (Foto: Can Li, Zhanhong Ye et alo./ Clinical Infectious Diseases/Reprodução)

 

Pesquisadores da Universidade de Hong Kong, na China, descobriram que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode causar danos agudos aos testículos, atrofia testicular assimétrica crônica e alterações hormonais, mesmo quando o quadro respiratório da doença é considerado leve.

O estudo feito em hamsters foi publicado dia 18 de fevereiro na revista científica Clinical Infectious Diseases.

“Ao gerenciar homens convalescentes com covid-19, é importante estar ciente de possível hipogonadismo [baixo desejo sexual] e infertilidade. A vacinação pode prevenir essas complicações”, comenta o especialista em doenças infecciosas Kwok-yung Yuen, um dos autores do estudo, citado pelo site da Universidade de Hong Kong.

Segundo os cientistas, estudos anteriores relataram dor testicular em pacientes com covid-19 e autópsia de paciente vítima da doença 19 revelou orquite (inflamação dos testículos) com muitos danos às células testiculares. Ainda assim, o SARS-CoV-2 não foi encontrado de forma consistente em amostras de sêmen.

O estudo investigou as alterações testiculares e hormonais em hamsters infectados pelo vírus por via intranasal ou diretamente nos testículos. O grupo de controle recebeu o vírus Influenza, da gripe.

Como mostra o site da universidade chinesa, as cobaias desenvolveram pneumonia leve. A administração intranasal de SARS-CoV-2 levou à diminuição aguda na contagem de espermatozoides e dos níveis de testosterona (hormônio masculino) de quatro a sete dias após o contágio.

Os hamsters infectados pela covid-19 desenvolveram atrofia testicular, que afetou o tamanho e o peso dos testículos. A quantidade de hormônio sexual no sangue foi reduzida de 42 a 120 dias após a infecção. Inflamação testicular aguda, hemorragia e necrose dos túbulos seminíferos e ruptura da espermatogênese foram observadas.

De sete a 120 após a inoculação do coronavírus, a inflamação, a degeneração e a necrose do tecido testicular persistiram.

De acordo com o estudo, os efeitos foram similares usando as variantes ômicron e delta. Ainda assim, os danos aos testículos podem ser prevenidos pela vacinação.

No grupo controle, que foi infectado pelo Influenza A por via intranasal ou intratesticular, não foi registrada infecção ou dano testicular.

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