Saúde
Covid-19 afeta a qualidade do esperma meses após a recuperação do paciente
Estudo revela que a infecção causada pelo coronavírus pode reduzir em 60% a mobilidade dos espermatozoides e em até 37% a contagem dos gametas masculinos
A covid-19 pode afetar a fertilidade de pacientes semanas após o tratamento, de acordo com estudo publicado na última segunda (20/12) no periódico científico Fertility and Sterility.
Cientistas avaliaram amostras de sêmen de 120 homens belgas de 35 anos, colhidas 52 dias após a recuperação e descobriram uma redução de 60% na capacidade de movimento dos espermatozoides e uma redução de 37% na contagem de gametas, informa o site francês Euronews.
Conforme o tempo desde a recuperação da infecção pelo coronavírus aumentou, a qualidade do esperma também melhorou. Amostras de 51 pacientes coletadas entre um e dois meses após o tratamento mostraram que 37% apresentaram baixa mobilidade espermática e 29% tinham contagens reduzidas de espermatozoides, informa o site. Após dois meses da recuperação, os valores caíram para 28% e 6%, respectivamente.
Os pesquisadores afirma ainda que encontraram “evidências fortes” de que a covid-19 não pode ser transmitido sexualmente pelo sêmen depois que uma pessoa se recupera da doença.
No entanto, eles alertam que mais estudos são necessários para entender se o coronavírus pode ou não ter um impacto de longo prazo na fertilidade.
“Casais com desejo de engravidar devem ser avisados de que a qualidade do esperma após a infecção por covid-19 pode ser inferior ao ideal”, afirmam os cientistas no estudo, citados pelo Euronews.
O tempo estimado de recuperação total é de três meses, segundo os pesquisadores.
Pacientes com casos mais graves de covid-19 não apresentaram maior propensão às quedas na contagem e na mobilidade do esperma, esclarece o estudo, observando que “não foram encontradas diferenças” na fertilidade entre homens hospitalizados e os que se recuperaram em casa, com sintomas mais leves.
Como o coronavírus afeta os espermatozoides?
Alguns vírus, como o da gripe, já são conhecidos por danificar os espermatozoides. No caso do Influenza, as temperaturas corporais mais elevadas causadas pela febre são as culpadas, explica o Euronews.
Em relação à covid-19, os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre a febre e a qualidade do esperma. Eles acreditam que a causa pode estar ligada à resposta imunológica do corpo ao vírus.
Os testes mostraram que concentrações mais altas de anticorpos específicos contra a doença no sangue dos pacientes estavam fortemente relacionadas com a função reduzida do esperma. “Indica uma causalidade imunológica, em vez de induzida por febre, da disfunção temporária do esperma”, afirmam os cientistas, citados pelo site francês.