Saúde

Canabidiol pode ajudar no tratamento do Parkinson, reduzindo até os movimentos involuntários

Cientistas descobrem vários efeitos benéficos do uso de CBD, obtido da maconha, no tratamento da doença neurodegenerativa

Por João Paulo Martins  em 21 de maio de 2022

(Foto: Pixabay)

 

A maconha (Cannabis sativa) possui compostos ativos que estão sendo testados em várias condições de saúde. O canabidiol é um desses compostos e cientistas acreditam que ele possa ajudar no tratamento da doença de Parkinson.

Como mostra o site americano de notícias de saúde News Medical, a doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo causado pela perda de células nervosas em uma parte do cérebro chamada substância negra. A anomalia afeta o nível de dopamina, neurotransmissor que, além de servir como centro de recompensas, também importantes funções do corpo, como memória, movimento, motivação, humor e atenção.

No Parkinson, os movimentos involuntários e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade estão associados aos níveis de dopamina. A deficiência desse neurotransmissor está associada a tremores, bradicinesia (movimentos lentos), rigidez dos membros, problemas de equilíbrio e instabilidade postural, informa o site especializado.

O canabidiol, comumente conhecido como CBD, é um dos mais de 100 compostos químicos encontrados na maconha, sendo o mais importante, ao lado do THC (delta-9 tetrahidrocanabinol). Esses canabinoides atuam nos receptores do corpo e do cérebro, afetando a forma como as pessoas se sentem, se movem e reagem, explica o News Medical.

Em estudo de revisão (não é de causa e efeito) publicado dia 5 de maio no periódico científico Journal for Nurse Practitioners, cientistas se concentraram em vários aspectos do uso de canabidiol no tratamento da doença de Parkinson.

 

Uso do CBD contra o Parkinson

 

Normalmente, produtos contêm com canabidiol possuem menos de 0,3% de THC, para evitar o risco de abuso ou dependência, afirma o site americano. Eles são recomendados para distúrbios neurológicos, dor, insônia, ansiedade, dores de cabeça e depressão nos EUA. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a importação para pacientes autorizados cujas condições de saúde demandem esse tipo de tratamento (por não haver outra opção).

Estudos pré-clínicos já mostraram que o CBD possui propriedades antipsicóticas, anticompulsivas, panicolíticas (controle do pânico), antidepressivas e ansiolíticas. Um ensaio clínico revelou que a administração de 300 mg de canabidiol por dia melhorou a mobilidade, a comunicação, o estado emocional, o desconforto corporal e a comunicação de pacientes com Parkinson em comparação com o tratamento com placebo, revela o News Medical.

Outra pesquisa, feita com cobaias, relatou que o CBD exibiu propriedades neuroprotetoras em pacientes com a doença neurodegenerativa, reduzindo a degeneração nigroestriatal (área de memória de hábitos do cérebro) e as respostas de inflamação nos neurônios. Esse tratamento também melhorou o desempenho motor dos ratos. Além disso, o canabidiol diminuiu a queda nos níveis de dopamina, proporcionou atividade anti-inflamatória e retardou o estresse oxidativo nos animais.

Apesar dos bons resultados, os pesquisadores alertam que o uso de CBD em pacientes imunossuprimidos pode aumentar o risco de perda de peso, de infecção e de anemia. A substância também pode interagir com outros medicamentos.

O News Medical lembra que uma grande vantagem do uso do canabidiol, em comparação com a medicação regular para Parkinson, é a possibilidade de uso prolongado, sem restrição. Porém, existem vários efeitos colaterais associados ao CBD, incluindo tontura, confusão, sonolência e dificuldade de concentração. Ao tomar o composto da maconha, é importante limitar ou evitar o álcool.

Cabe lembrar que qualquer substância deve ser receitada apenas pelo médico responsável.

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