Saúde

Caminhar de forma lenta pode ser fator de risco para covid-19, diz estudo

Pesquisadores britânicos associam o ritmo da caminhada à maior chance de hospitalização e morte decorrentes do novo coronavírus

Por João Paulo Martins  em 17 de março de 2021

(Foto: Pixabay)

Andar devagar pode aumentar a gravidade da covid-19, segundo cientistas. A obesidade e a fragilidade têm sido associadas a complicações graves desde o surgimento do surto do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Para entender melhor o risco, cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, analisaram o índice de massa corporal (IMC) e a velocidade de caminhada autorrelatada de mais de 400.000 adultos com média de idade de 68 anos.

Os resultados revelam que as pessoas com peso normal que afirmam caminhar de forma lenta possuem mais que o dobro de chances de desenvolver covid-19 do que aqueles com passadas mais vigorosas.

O problema na marcha também aumenta em quase quatro vezes o risco de morrer com a infecção causada pelo SARS-CoV-2.

Sistema cardiovascular e fragilidade

De acordo com o estudo, publicado no final de fevereiro no jornal científico International Journal of Obesity, embora não esteja clara a relação entre velocidade do caminhar e gravidade da covid, acredita-se que o andar pode indicar boa forma, fragilidade e até a saúde do sistema cardiovascular de uma pessoa.

“Já sabemos que a obesidade e a fragilidade são os principais fatores de risco na infecção causada pelo SARS-CoV-2. Este é o primeiro estudo a mostrar que caminhantes lentos têm um risco muito maior de contrair casos graves de covid-19, independentemente do peso”, comenta o pesquisador Tom Yates, principal autor do estudo, citado pelo site Yahoo!

Os cientistas da Universidade de Leicester analisaram os dados do estudo UK Biobank, em especial os relacionados ao peso e à velocidade de caminhada (autorrelatada), além das admissões hospitalares e mortes relacionadas ao coronavírus.

Os resultados revelam que aqueles com um ritmo de caminhada “constante” ou “médio” possuem 13% mais probabilidade de adoecer gravemente devido à covid-19 do que os mais “rápidos”.

Essa relação de risco aumenta para 88% entre os caminhantes “lentos”.

Quando se trata de mortes por coronavírus, as chances crescem 83% para quem anda devagar e 44% para os que seguem um ritmo constante. Isso tudo sem levar em conta o peso, incluindo obesidade.

Ao inserir os dados de IMC, os caminhantes lentos com índice normal tinham 2,4 vezes mais probabilidade de adoecer gravemente e 3,75 vezes mais chances de morrer devido ao SARS-CoV-2 em comparação com os voluntários vigorosos.

Indica o condicionamento físico

Ritmo de caminhada é uma “medida simples e fácil de coletar” do condicionamento físico geral de uma pessoa, nível de fragilidade e “resiliência”, de acordo com os cientistas.

“Os caminhantes rápidos geralmente demonstram boa saúde cardiovascular, o que os torna mais resistentes a agentes externos, incluindo infecções virais, mas essa hipótese ainda não foi estabelecida para outras doenças infecciosas”, afirma Tom Yates ao Yahoo!

Embora estudos que avaliam banco de dados tenham relatado a associação de obesidade e fragilidade com a gravidade da covid-19, não existem valores relacionados à função ou aptidão física.

“Na minha opinião, os estudos em andamento de saúde pública e vigilância devem considerar a incorporação de medidas simples de aptidão física, como ritmo de caminhada autorrelatada, além do IMC, como potenciais indicadores de risco para covid-19”, comenta o pesquisador britânico.

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