Saúde
Aspirina pode ajudar no tratamento do câncer e evitar metástase, diz estudo
A pesquisa de revisão analisou vários estudos que associaram ácido acetilsalicílico ao combate dos tumores
Um estudo de revisão publicado na última quarta (14/9) na revista científica Open Biology, pesquisadores analisaram as evidências do uso de ácido acetilsalicílico (Aspirina) no tratamento do câncer.
Como mostra o site britânico News Medical, muitos componentes ativos de plantas têm sido fonte de potenciais tratamentos contra tumores, e os salicilatos, muito presentes no salgueiro, ajudam na regulação das respostas ao estresse e na defesa das plantas contra vários patógenos.
Na pesquisa atual, foi analisado o ácido acetilsalicílico, ou aspirina, medicamento anti-inflamatório e analgésico muito usado no mundo e que possui alguns mecanismos biológicos que podem desempenhar papel no surgimento e crescimento do câncer. Os cientistas examinaram vários estudos clínicos para entender o efeito desse remédio na metástase (tumor se espalha) e na sobrevivência das células cancerosas. Eles também abordaram os efeitos colaterais conhecidos do uso de aspirina, como sangramento intracraniano e gastrointestinal.
A revisão descobriu vários caminhos pelos quais o ácido acetilsalicílico pode ajudar na terapia anticâncer, revela o site britânico. O principal é a inibição da enzima ciclo-oxigenase, que afeta a formação de moléculas sinalizadoras do tumor. A aspirina também interrompe as vias que favorecem a metástase e as inflamações, interferindo nos processos pró-carcinogênicos, como a angiogênese, ou a formação de novos vasos sanguíneos, que é uma parte importante na progressão do câncer.
De modo geral, as evidências dos estudos clínicos e observacionais são favoráveis ao uso do medicamento no tratamento de tumores. No entanto, os autores destacam a ausência de ensaios randomizados explorando o efeito da aspirina em uma ampla gama de cânceres. A maioria das evidências vem de análises de dados observacionais de indivíduos com diferentes tipos de tumor e 25% deles estava tomando o anti-inflamatório.
Ainda conforme os cientistas, muitos estudos se concentraram em cânceres comuns, como de pulmão, mama, próstata e cólon, que representam apenas 30% dos casos de tumor em todo o mundo, deixando de lado as formas mais raras.
O uso de aspirina também tem sido associado ao aumento do sangramento gastrointestinal e cerebral devido à sua atividade antiplaquetária. Embora alguns estudos tenham relatado sangramentos fatais relacionados ao uso do remédio, especialmente em pacientes mais velhos, informa o News Medical.
A pesquisa recém-publicada indica que o ácido acetilsalicílico tem papel importante na regulação de várias vias metabólicas e se mostra uma valiosa opção de tratamento do câncer. No entanto, a maioria das evidências atuais relacionadas à eficácia na redução da proliferação das células tumorais e da metástase vem de quatro ensaios randomizados. Portanto, são necessários mais estudos para confirmar o uso da aspirina como terapia anticâncer, especialmente as formas mais raras da doença.