Saúde

Antidepressivo fluvoxamina pode ajudar a tratar covid-19, diz estudo

Cientistas descobriram que o remédio para depressão e transtorno obsessivo-compulsivo pode reduzir em até 32% o risco de internação hospitalar

Por João Paulo Martins  em 28 de outubro de 2021

(Foto: Freepik)

 

Uma equipe de pesquisadores afirma que o antidepressivo fluvoxamina (mais conhecido como Luvox) pode ajudar a reduzir em 32% as internações causadas pela covid-19.

O estudo foi publicado na última quarta (27/10) no periódico científico The Lancet.

De acordo com o jornal britânico The Times, os resultados foram compartilhados com os Institutos de Saúde (National Institutes of Health) dos Estados Unidos, que publica diretrizes de tratamento.

Os pesquisadores testaram a fluvoxamina, usada no combate à depressão e ao transtorno obsessivo-compulsivo, porque é conhecida por reduzir a inflamação, informa o periódico.

Segundo o pesquisador Edward Mills, da Universidade McMaster em Hamilton, no Canadá, um dos autores do estudo, citado pelo The Times, o custo do medicamento é ínfimo (cerca de R$ 120 no Brasil) no tratamento da covid, em comparação com a terapia de anticorpos que chegam a custar cerca de US$ 2.000 (R$ 11.220).

Ele lembra que muitos países em desenvolvimento possuem o antidepressivo e isso poderia salvar muitas vidas.

Como mostra o The Times, entre os dias 20 de janeiro e 6 de agosto de 2021, os cientistas ofereceram a fluvoxamina a 738 pacientes brasileiros infectados pelo coronavírus, enquanto outros 733 receberam um placebo.

Os participantes haviam sido infectados recentemente pela covid-19 e corriam o risco de apresentarem quadro grave da doença de vido a comorbidades como diabetes.

Eles receberam os tratamentos em casa durante 10 dias e foram monitorados por quatro semanas para ver quem precisou ser internado no hospital ou tiveram de ir a um pronto-socorro, explica o jornal britânico.

Aqueles que receberam fluvoxamina apresentaram 32% menos probabilidade de serem hospitalizados do que os do grupo do placebo, mesmo que não tivessem tomado o medicamento durante todo o período de teste, afirma o estudo, citado pelo The Times.

Entre os pacientes brasileiros com coronavírus que tomaram o antidepressivo por, pelo menos, oito dias, conforme o periódico, houve uma diferença ainda mais pronunciada: redução de 66% no risco de hospitalização e 91% menos chance de morrer, isso tudo em relação aos que tomaram placebo.

“A fluvoxamina é o único tratamento que, se administrado precocemente, pode evitar que a covid-19 se torne uma doença fatal. Pode ser uma de nossas armas mais poderosas contra o vírus e sua eficácia é uma das descobertas mais importantes que fizemos desde o início da pandemia”, diz Edward Mills ao The Times.

Os pesquisadores testaram oito medicamentos diferentes, incluindo hidroxicloroquina, metformina, kaletra e ivermectina, mas apenas a fluvoxamina teve um efeito positivo contra a infecção causada pelo novo coronavírus.
 

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