Saúde
Alergia alimentar pode ser um fator de proteção contra a covid-19, afirma estudo
Cientistas descobriram que pessoas alérgicas, inclusive asmáticas, têm menos receptor AC2 nas vias aéreas, que é usado pelo coronavírus para invadir os pulmões
Desde o início da pandemia de covid-19, cientistas tentam descobrir quem tem maior risco de contrair a infecção causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Agora, um estudo publicado na última terça (31/5), na revista científica Journal of Allergy and Clinical Immunology, comandada pelos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health) dos EUA, encontrou evidências de que pessoas com alergias são menos propensas a contraírem a doença.
Segundo o site americano Science Alert, foram analisados mais de 4.000 voluntários, entre maio de 2020 a fevereiro de 2021, e aqueles que tinham alguma alergia alimentar apresentavam metade da probabilidade de serem infectados pela covid.
De forma semelhante, o estudo descobriu que a asma não estava ligada ao aumento do risco de infecção pelo coronavírus, apesar de ser uma condição grave que afeta o sistema respiratório.
Por outro lado, obesidade e alto índice de massa corporal (IMC) foram associados ao risco aumentado da doença, assim como a idade de crianças e adolescentes que viviam junto com os participantes.
O problema é que os pesquisadores não sabem ao certo por que as alergias alimentares parecem tornar as pessoas menos vulneráveis ao SARS-CoV-2, mas existem algumas explicações possíveis, de acordo com o Science Alert.
Metade dos participantes do estudo afirmou ter sido diagnosticado com alergia alimentar, asma, eczema ou rinite alérgica. Esses autorrelatos foram então apoiados por exames de sangue, que revelaram anticorpos ligados a doenças alérgicas.
Pessoas com eczema e asma não mostraram maior vulnerabilidade ao vírus, mas também não pareciam estar mais protegidas. Enquanto isso, quem tinha alergia alimentar apresentou risco 50% menor de ser infectado pela covid.
Como mostra o site americano de notícias científicas, estudos anteriores mostraram que pessoas com asma atópica (extremamente alérgica) possuem baixos níveis do receptor ACE2 nas vias aéreas, que é usado pelo SARS-CoV-2 para invadir as células pulmonares. Isso sugere que o vírus não tem tantas maneiras de infectar os pulmões de pessoas com alergias respiratórias.
Algo semelhante pode estar ocorrendo com quem tem alergia alimentar, embora os autores tenham analisado apenas o risco de contaminação pelo coronavírus, e não a gravidade da doença.
“Não se sabe se esse também é o caso em indivíduos alérgicos a alimentos, mas é tentador especular que a inflamação tipo 2, uma característica da alergia alimentar, pode reduzir os níveis de ACE2 nas vias aéreas e, portanto, o risco de infecção”, escrevem os cientistas, citados pelo Science Alert.