Cultura
Os Três Reis Magos, na verdade, seriam sacedotes provenientes da própria Judeia
Escritor americano mostra que o que sabemos sobre Belchior, Gaspar e Baltazar, não condiz com a verdade histórica
Eles estão entre os personagens mais queridos do Natal e nesta sexta-feira (6/12), celebrados na festa da Epifania e em canções de fim de ano. Mas quanto realmente sabemos sobre os misteriosos sábios Belchior, Gaspar e Baltazar, provenientes do Oriente, que viajaram em busca do Menino Jesus? Na verdade, pouco se sabe e muito do que acreditamos saber está incorreto.
Como mostra a emissora americana Fox News, muito provavelmente eram mais de três visitantes. A Bíblia menciona três presentes e não três homens. Além disso, eles não eram reis e não vinham do Extremo Oriente.
Evidências históricas, bíblicas e arqueológicas pintam um quadro muito diferente dos “Três Reis Magos” da tradição cristã. O jornalista e escritor Raymond Arroyo publicou o livro Os Sábios que Descobriram o Natal (The Wise Men Who Found Christmas) e usou fontes de pesquisa normalmente negligenciadas.
Em primeiro lugar, quem eram os “sábios”? Magos eram personagens místicos, observadores de estrelas, matemáticos, teólogos, intérpretes de sonhos e possivelmente faziam parte de uma casta sacerdotal com raízes no zoroastrismo, religião que segue os preceitos do profeta Zoroastro (628-551 a.C.), ou mesmo do judaísmo. E como outros sábios da época, eles teriam servido a um rei. Mas qual?
Como mostra o escritor, os “magos” não vieram do Extremo Oriente ou mesmo da Pérsia. Santos católicos e escribas dos séculos I e II, incluindo Tertuliano de Cartago, Eusébio de Vercelli e Clemente de Roma, todos atestam que os sábios vieram do “leste da Judeia”. Outro santo, Justino Mártir, escrevendo menos de 100 anos após a ressurreição de Jesus é ainda mais preciso: “Os magos vieram da Arábia e o adoraram…”.
Existem bons motivos para suspeitar que os mensageiros que visitaram o Menino Jesus vieram da então capital da Arábia, Petra, no reino de Nabateia. O padre Raymond Brown (1928-1988), famoso estudioso da Bíblia, disse que “a antiga comunidade judaica no norte da Arábia foi uma das maiores da história do povo judeu”, segundo a Fox News. Assim, as profecias judaicas sobre a vinda do Messias seriam bem conhecidas dos habitantes de Nabateia.
O padre Dwight Longenecker, que pesquisou por anos a verdadeira história dos “Três Reis Magos”, sugere que os presentes que os sábios levaram também apontam para o reino de Nabateia. O incenso e a mirra eram produzidos ali a partir da seiva de uma árvore genuinamente árabe. E Nabateia controlava as Minas de Midiã, também conhecidas como as lendárias minas do rei Salomão.
Qual era a natureza da jornada dos “Reis Magos”? Como mostra Raymond Arroyo, o Evangelho de Mateus em apenas 12 linhas descreve o que muito provavelmente foi uma missão diplomática real para encontrar o temido rei Herodes, misturada talvez com o desejo pessoal de busca espiritual.
Estudiosa do Antigo Testamento e linguista formada pela Universidade de Cambridge, Margaret Barker oferece uma possibilidade verdadeiramente tentadora. Citada pela emissora americana, ela diz acreditar que os sábios podem ter sido descendentes do sacerdócio judeu real do Primeiro Templo (Templo de Salomão) – a Ordem de Melquisedeque –, que foi expulsa do local 700 anos antes do nascimento de Jesus Cristo.