Cultura

Game Boy Color da Nintendo quase foi um precursor dos atuais smartphones

A empresa japonesa preparava o lançamento do acessório PageBoy, que transformaria o console portátil em um minicomputador

Por João Paulo Martins  em 27 de dezembro de 2021

O acessório PageBoy teria feito do Game Boy Color da Nintendo o primeiro smartphone (Foto: YouTube/DidYouKnowGaming?/Reprodução)

 

O console portátil Game Boy Color foi lançado pela Nintendo em 1998, alguns anos antes dos smartphones mais elaborados chegarem ao mercado. Naquela época, a internet ainda era relativamente nova e a ideia de carregar um único dispositivo que pudesse enviar e-mail, pesquisar na web, transmitir fotos e fazer chamadas de vídeo (live streaming) ainda era um sonho.

Mas se o PageBoy, um acessório do Game Boy Color, não tivesse sido cancelado pela gigante japonesa do entretenimento, os usuários poderiam optar entre jogar o Mario Kart e acessar páginas da internet.

Vale dizer que na década de 1990, houve a “explosão” dos aparelhos conhecidos como personal digital assistants (PDAs), ou assistentes pessoais digitais em tradução livre, que realizavam algumas tarefas típicas de computador, como acesso a e-mails e tradutores.

 

Acessório inovador

 

Segundo o site japonês de entretenimento Kotaku, o acessório PageBoy foi descoberto pelo historiador, pesquisador e jornalista britânico especializado em games, Liam Robertson. Em vídeo publicado no último domingo (26/12) no YouTube, Roberston revela um monte de detalhes e imagens do inovador dispositivo que estava sendo preparado pela Nintendo.

O acessório foi planejado para usar tecnologia de transmissão por radiofrequência para permitir que os usuários do Game Boy Color pesquisassem informações e lessem notícias internacionais, revistas de jogos, boletins meteorológicos, placares esportivos e até mesmo, de forma ambiciosa, assistir televisão ao vivo.

 

A ideia de fazer chamada de vídeo num console portátil era inovadora para os anos 1990 (Foto: YouTube/DidYouKnowGaming?/Reprodução)

 

Essa tecnologia também permitiria aos usuários entrar em contato e enviar mensagens a outros proprietários de PageBoy, revela o Kotaku. Como a radiofrequência na época era muito usada por pagers (pequenos aparelhos de mensagens), a empresa japonesa decidiu chamar o dispositivo de PageBoy.

Liam Roberston conversou com algumas pessoas que trabalharam no projeto do curioso acessório do Game Boy Color. De acordo com os envolvidos, após uma reunião com a Nintendo of America em 1999, a empresa estava animada com o potencial do PageBoy e, nos três anos seguintes, a empresa avaliou se ele poderia realmente ser produzido e se daria lucro.

Embora a Nintendo tenha ficado impressionada com muitos dos recursos do PageBoy, incluindo a capacidade de enviar imagens usando a câmera do Game Boy e até mesmo o potencial de se comunicar ao vivo usando vídeo, havia um grande obstáculo, informa o historiador e jornalista de games.

O dispositivo dependia de redes de rádio que existiam apenas em algumas partes selecionadas do mundo, como os Estados Unidos, limitando muito a base de clientes do acessório. De acordo com Robertson, ele foi informado que a Nintendo acreditava que a chave para o sucesso do Game Boy era o quão universal o hardware era, permitindo que usuários ao redor do mundo jogassem os mesmos jogos com os mesmos recursos.

Por essa falta de sinal de rádio, o projeto foi cancelado em julho de 2002.

  

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