Cultura

Doodle do Google homenageia o aniversário da psicanalista Virgínia Leone Bicudo

A paulistana é pioneira no uso da psicanálise voltada à comunidade negra no Brasil

Por Da Redação  em 21 de novembro de 2022

Virgínia Leone Bicudo é pioneira na psicanálise voltada à comunidade negra (Foto: Google/Divulgação)

 

O Doodle (logomarca comemorativa) do Google desta segunda (21/11) está comemorando os 112 anos da psicanalista brasileira Virgínia Leone Bicudo (1910-2003). Como psicanalista, ela foi pioneira nos estudos raciais no Brasil, garantindo que as perspectivas negras fossem ouvidas na academia.

Virgínia nasceu em 1910, em São Paulo (SP). Sua mãe era uma imigrante italiana e empregada doméstica, e o pai, um homem negro que sonhava ser médico. Após ter a entrada negada nas faculdades de Medicina devido à cor da pele, o pai decidiu investir na educação dos filhos.

Virgínia Bicudo herdou as ambições dos pais e priorizou os estudos desde muito jovem. Em 1930, graduou-se pela Escola Caetano de Campos. Ela completou um curso de Educação em Saúde Pública antes de conseguir um emprego como atendente psiquiátrica. Com seu esforço, rapidamente ganhou uma promoção e passou a trabalhar como supervisora na Clínica de Orientação Infantil em São Paulo.

Em 1936, Virgínia matriculou-se na Escola Livre de Sociologia e Política, primeira instituição de ensino superior do Brasil na área de Ciências Sociais. Ela era a única mulher no programa. Durante o tempo em que esteve na faculdade, aprendeu sobre o psiquiatra austríaco Sigmund Freud.

 

Socióloga por formação, Virgínia Bicudo foi a primeira psicanalista não médica (Foto: Domínio Público)

 

Após dois anos, ela conseguiu o diploma de bacharel. Virgínia Bicudo acreditava que poderia usar a psicanálise para entender melhor as tensões raciais no Brasil, que tiveram um impacto significativo em sua vida e na do pai.

Na pós-graduação, feita na mesma faculdade, a paulistana apresentou a primeira dissertação no Brasil com foco nas relações raciais. Isso lhe rendeu um convite para participar de um projeto de pesquisa da Unesco (órgão da ONU para a educação) que analisava a raça em diferentes países. O trabalho de Virgínia Bicudo revelou que o Brasil não era uma democracia racial, o que contradizia as crenças de seu orientador da Unesco e fez com que seu trabalho não fosse publicado.

Ao voltar para o Brasil, Virgínia foi tratada como uma impostora no meio acadêmico por não ser formada em Medicina. Em 1959, mudou-se para Londres, na Inglaterra, e estudou com alguns dos psicanalistas mais proeminentes da época. Ela transmitiu palestras ao Brasil por meio da emissora estatal britânica da BBC.

Após retornar ao nosso país em 1959, Virgínia Bicudo fundou o Instituto de Psicanálise da Sociedade de Psicanálise de Brasília. Ela também apresentou o programa de rádio “Nosso Mundo Mental”, um dos mais populares do Brasil, enquanto escrevia uma coluna de mesmo título para os jornais. Os esforços e a resiliência de Virgínia Bicudo lançaram as bases para as futuras gerações de psicanalistas.

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