Cultura

Aquecimento global está ajudando um besouro a exterminar a principal floresta da Finlândia

Os verões e invernos mais quentes afetam um tipo de árvore que costuma ser alvo do besouro da casca de abeto

Por João Paulo Martins  em 07 de dezembro de 2022

A taiga ou floresta de coníferas da Finlândia está ameaçada por um pequeno besouro (Foto: Instagram/kaarina.ry/Reprodução)

 

Nas profundezas da floresta de taiga (coníferas) da Finlândia, os arbustos de musgo e mirtilo escondem uma ameaça mortal. Com troncos descascando e galhos doentes caindo, inúmeras árvores estão sendo vítimas do besouro da casca de abeto (Ips typographus), que começou a avançar para o norte do continente europeu devido às mudanças climáticas.

Segundo o site de notícias científicas Phys.org, os minúsculos insetos marrons (chegam a apenas 5,5 mm de comprimento) atacam principalmente o pinheiro-da-noruega (Picea abies), uma das espécies de árvores mais comuns da taiga finlandesa, e podem causar grandes danos. Eles invadem a casca para depositar os ovos. Em seguida, os besouros abrem caminho por dentro do pinheiro, matando a árvore ao impedir que água e nutrientes cheguem aos galhos mais altos.

“A espécie causou enormes danos na Europa Central e Oriental, especialmente a partir de 2018”, diz Markus Melin, cientista do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia, citado pelo site especializado.

Com o aquecimento global, o risco de propagação do besouro é “muito maior agora”, acrescenta Melin. “Temos que aceitá-lo e nos adaptar a ele. As coisas estão mudando rapidamente por aqui”.

 

O pequeno e perigoso besouro da casca de abeto é favorecido pelo aquecimento global (Foto: Wikimedia/Beentree/Creative Commons)

 

Embora a ameaça seja maior no sul da Finlândia, revela o Phys.org, o Verão com temperaturas muito elevadas de 2021 fez om que os besouros causassem danos especialmente na região de Kainuu, no meio-norte da Finlândia.

“É sabido que o besouro da casca de abeto é uma das espécies que mais se beneficiam com o aquecimento global”, comenta Markus Melin.

Esses insetos se aproveitam do enfraquecimento das árvores. Como explica o especialista, os verões mais quentes fazem com que os pinheiros se tornem carentes de água, enquanto os invernos com temperaturas mais elevadas deixa o solo sem gelo, retirando a proteção das árvores contra as tempestades.

O clima quente também acelera o ciclo de vida dos besouros, o que significa que eles podem se reproduzir mais rapidamente.

“Os verões extremamente quentes beneficiam diretamente o besouro da casca. Eles sofrem menos mortalidade e a reprodução é mais rápida”, afirma Melin.

Como os besouros normalmente procuram árvores fracas e o número de insetos atinge um ponto crítico, a espécie pode começar a atacar os pinheiros saudáveis.

“Se os silvicultores não reagirem a tempo removendo os pinheiros enfraquecidos, de repente haverá tantos besouros que podem atacar árvores saudáveis, acelerando ainda mais o ciclo de destruição”, diz o cientista finlandês, citado pelo Phys.org.

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