Ciência

VÍDEO: cientistas criam “teia do Spider-Man” capaz de erguer 80 vezes o próprio peso

Fibra sintética é capaz de grudar nas coisas e secar imediatamente, de forma parecida com o material criado por Peter Parker nos filmes da Marvel

Por Da Redação  em 14 de outubro de 2024

Fibra à base de seda, dopamina e quitosana é capaz de grudar e erguer objetos (Foto: Tufts University/Divulgação)

 

Quem é fã do super-herói Spider-Man já teve vontade de usar um dispositivo para soltar teias e sair balançando pela cidade. Isso, em breve, poderia ser realidade, já que cientistas da Universidade de Tufts, em Somerville, Massachusetts (EUA), criaram um dispositivo que solta um material fluido fino como uma teia e que se solidifica imediatamente, sendo capaz de aderir e levantar objetos até 80 vezes mais pesados. O estudo que traz essa novidade foi publicado no dia 24/9 no periódico científico Advanced Functional Materials.

A fibra pegajosa foi criada no laboratório Silklab da universidade americana. Ela tem como base a seda, que foi decomposta em uma proteína chamada fibroína. Essa substância pode ser liberada por meio de agulhas com furos estreitos o suficiente para formar um fluxo que, com os aditivos certos, gera solidificação instantânea em contato com o ar.

“Eu estava trabalhando em um projeto para fazer adesivos extremamente fortes usando fibroína de seda e, enquanto limpava meus copos com acetona, notei um material semelhante a uma teia se formando no fundo”, explica Marco Lo Presti, professor assistente de pesquisa na Tufts, citado pelo site da universidade.

A descoberta acidental passou por vários desafios de engenharia para conseguir replicar as teias da aranha. Soluções de fibroína de seda podem formar uma espécie de hidrogel semissólido quando expostas a solventes orgânicos como etanol ou acetona. Quando os pesquisadores adicionaram dopamina, que é usada na fabricação de adesivos, foi possível acelerar o processo de solidificação para que ocorresse quase imediatamente.

Quando disparado através de uma agulha, um fino fluxo da solução de seda é cercado por uma camada de acetona que desencadeia a solidificação. A acetona evapora no ar, deixando uma fibra presa a qualquer objeto com o qual entre em contato. Os pesquisadores aprimoraram a solução de fibroína-dopamina de seda com quitosana, um derivado de exoesqueletos de insetos, que deu às fibras até 200 vezes mais resistência à tração, e tampão de borato, que aumentou sua adesividade em cerca de 18 vezes.

O diâmetro das fibras pode variar entre o de um fio de cabelo humano e cerca de meio milímetro, dependendo do furo da agulha.

A seda natural de aranha ainda é cerca de 1000 vezes mais forte do que as fibras artificiais do estudo. Mas com um pouco mais de imaginação e engenharia, a inovação continuará a melhorar e a abrir caminho para uma variedade de aplicações tecnológicas.

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