Ciência

Um em cada 500 homens pode ter cromossomo sexual a mais, o que aumenta risco de doenças

Cientistas descobriram que a incidência de um terceiro cromossomo sexual, X ou Y, entre os homens, é o dobro do que se imaginava até então

Por João Paulo Martins  em 12 de junho de 2022

(Foto: iStock)

 

Cientistas descobrem que uma condição genética que afeta os homens pode ter o dobro de incidência do que se imaginava. Estudo publicado na última quinta (9/6), na revista científica Genetics in Medicine, analisou mais de 200.000 homens que participam do banco de dados UK Biobank e descobriu que cerca de um em 500 tem um cromossomo sexual (X ou Y) a mais.

Enquanto a maioria dos homens possui dois cromossomos sexuais (XY), alguns nascem com XXY ou XYY, o que pode acarretar em maior risco de problemas de saúde, desde diabetes tipo 2 a doença pulmonar obstrutiva crônica, revela o jornal britânico The Guardian.

Os cientistas examinaram o DNA de 207.067 homens de ascendência europeia com idades entre 40 e 70 anos. Eles identificaram 231 voluntários com um cromossomo X extra e 143 com o cromossomo Y a mais. Com isso, a estimativa de incidência no público masculino subiu para um em cada 500 homens, o dobro do que estudos anteriores haviam mostrado.

Segundo o jornal britânico, 23% dos participantes tinham cromossomo X extra (XXY) e 0,7% apresentavam o Y a mais (XYY). Normalmente, o X adicional em homens é diagnosticado na puberdade e pode afetar a fertilidade, embora também esteja ligado à maior quantidade de gordura corporal, problemas cognitivos e distúrbios de personalidade.

No estudo, os participantes XXY tinham testosterona substancialmente mais baixa do que os homens com dois cromossomos (XY); risco três vezes maior de atraso na puberdade; e quatro vezes mais chance de não ter filhos.

Já os efeitos do cromossomo Y a mais ainda não são totalmente compreendidos. De acordo com o The Guardian, homens XYY tendem a ser mais altos quando meninos e adultos, mas parecem ter função reprodutiva normal.

Pesquisas anteriores sugeriam que cerca de uma em cada 1.000 mulheres carregam um cromossomo X adicional, o que pode levar a efeitos semelhantes, variando de crescimento mais rápido na puberdade a atraso no desenvolvimento da linguagem e QI reduzido em comparação com as que possuem dois cromossomos (XX).

A análise dos registros de saúde dos participantes do estudo revela que possuir um cromossomo sexual extra pode aumentar os riscos de várias condições médicas. Comparado com os homens XY, carregar um terceiro cromossomo triplica o risco de diabetes tipo 2 e bloqueio de vasos sanguíneos nos pulmões, quadruplicando o risco de doença pulmonar obstrutiva crônica, revela o jornal britânico.

Porém, ainda não está claro por que os cromossomos extras têm tal impacto e por que geram riscos semelhantes, independentemente se é X ou Y a mais.

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