Ciência

Teoria da relatividade de Einstein é testada ao extremo em novo estudo

Cientistas aplicaram as regras postuladas em 1916 pelo renomado físico alemão a um sistema formado por dois pulsares

Por João Paulo Martins  em 14 de dezembro de 2021

Ilustração mostra o sistema com dois pulsares ativos que orbitam um mesmo ponto a cada 147 minutos (Foto: Michael Kramer/MPIfR/Divulgação)

 

Um estudo publicado na última segunda (13/12) na revista científica Physical Review X colocou em xeque a teoria da relatividade geral de Albert Einstein, divulgada em 1916 e que revolucionou nossa compreensão da física e do Universo.

Como explica o site americano de notícias científicas Space, a teoria da relatividade apresenta a gravidade como uma deformação do “tecido” do espaço-tempo: objetos muito pesados distorcem o espaço-tempo, criando depressões em torno das quais orbitam outros corpos.

Na pesquisa recém-publicada, os cientistas usaram sete radiotelescópios diferentes ao redor do mundo para analisar, de 2003 a 2019, um sistema formado por dois pulsares ultradensos.

Pulsar é um tipo de estrela de nêutrons, ou “cadáver” estelar superdenso, que emite poderosos feixes de radiação e partículas de seus polos magnéticos, esclarece o Space. Apesar de serem feixes contínuos, eles parecem pulsar (daí o nome) porque estão girando. A luz emitida pode ser vista da Terra apenas quando um polo está virado para a gente.

O sistema de dois pulsares fica a cerca de 2.400 anos-luz do nosso planeta. Um deles gira 44 vezes por segundo, enquanto o outro completa uma rotação a cada 2,8 segundos. Os dois orbitam um centro de massa comum a cada 147 minutos, cada um deles movendo-se pelo espaço a cerca de um milhão de km/h, afirma o estudo, citado pelo site especializado.

“Esse movimento orbital rápido de objetos densos como esses [possuem cerca de 130% a massa do nosso Sol], mas que têm apenas cerca de 24 km de diâmetro, nos permite testar muitas previsões diferentes da relatividade geral”, explica o pesquisador Dick Manchester, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth, na Austrália, um dos autores do estudo, citado pelo Space.

Ele afirma que, além das ondas gravitacionais e da propagação da luz, também foi possível medir o efeito da “dilatação do tempo” que faz os relógios funcionarem mais devagar em campos gravitacionais. “Precisamos até mesmo levar em conta a famosa equação de Einstein [E=mc²] ao considerar o efeito da radiação eletromagnética emitida pelo pulsar de rotação rápida no movimento orbital”, completa o cientista.

Todas as previsões postuladas pela teoria da relatividade geral foram confirmadas pelo estudo, diz o site americano. Mas isso não significa que a criação de Einstein não possa ter alguma falha.

“A relatividade geral não é compatível com as outras forças fundamentais, descritas pela mecânica quântica. Portanto, é importante continuar testar de forma mais rigorosa possível, para descobrir como e quando a teoria falha”, diz o pesquisador Robert Ferdman, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, outro autor do estudo, também citado pelo Space.

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