Ciência

“Tecnologia” de abafamento de som das asas das mariposas poderá ser usada até em aviões

Esses insetos evoluíram para ter uma perfeita proteção acústica contra morcegos, usando escamas extremamente finas nas asas

Por Da Redação  em 15 de junho de 2022

Mariposas evoluíram para serem capazes de abafar as ondas de ecolocalização dos morcegos (Foto: Wikimedia/Shawn Hanrahan/Texas A&M University/Creative Commons)

 

Cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, descobriram que as escamas das asas das mariposas podem funcionar como excelentes abafadores de som. No estudo, publicado nesta quarta (15/6) na revista científica Proceedings of the Royal Society A, eles mostraram que a estrutura das asas oferecem proteção acústica contra as ondas de ecolocalização emitidas por morcegos.

Agora, essa “tecnologia” natural poderá ajudar na elaboração de painéis de absorção de som com melhor desempenho.

Como mostra o site americano Phys.org, morcegos e mariposas estão envolvidos em uma “corrida armamentista acústica” entre predador e presa desde que os mamíferos alados desenvolveram a ecolocalização há cerca de 65 milhões de anos. Por sua vez, os insetos, sob a pressão predatória, desenvolveram uma infinidade de defesas na luta pela sobrevivência, como as escamas da asa que conseguem cancelar ruídos.

“A gente precisava primeiro entender o desempenho dessas escamas da mariposa quando colocadas de frente a uma superfície altamente reflexiva acusticamente, como uma parede. Também precisávamos descobrir como os mecanismos de absorção podem mudar quando as escamas interagem com essa superfície”, afirma o pesquisador Marc Holderied, um dos autores do estudo, citado pelo site americano.

Os cientistas da Universidade de Bristol testaram essa capacidade das mariposas colocando pequenas seções de asas em um disco de alumínio, que foi analisado em relação ao som recebido, em diferentes direções, e como a retirada das escamas afetava a absorção sonora.

Notavelmente, eles descobriram que as asas da mariposa possuem excelente proteção acústica, mesmo quando estavam sobre uma superfície sólida, absorvendo até 87% da energia sonora recebida, revela o Phys.org.

“Ainda mais impressionante é que as asas fazendo isso mesmo sendo incrivelmente finas, apenas 1/50 da espessura do comprimento de onda do som que absorvem. Esse desempenho extraordinário qualifica a asa da mariposa como uma metasuperfície de absorção acústica natural, material que possui propriedades e capacidades únicas, que não são possíveis de criar usando materiais convencionais”, comenta o pesquisador Thomas Neil, principal autor do estudo, também citado pelo site americano.

Ainda assim, esse achado tem potencial para criação de painéis de proteção acústica ultrafinos para serem usados em edificações, por exemplo, para reduzir o barulho das cidades. Da mesma forma, podem ter enormes impactos nos transportes, ajudando a reduzir o peso de aviões, carros e trens, aumentando a eficiência, com menor consumo de combustível e de emissões de CO².

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