Ciência

Suposto sinal associado a objeto extraterrestre que teria caído perto de Papua Nova Guiné era apenas um caminhão

Cientistas descobriram que nenhum objeto interestelar caiu no oceano Pacífico onde, em agosto de 2023, o astrofísico Avi Loeb diz ter encontrado “objetos alienígenas”

Por Da Redação  em 11 de março de 2024

Rota de caminhões (truck road) perto do sismógrafo na ilha Manus, em Papua Nova Guiné Foto: Roberto Molar Candanosa and Benjamin Fernando/Johns Hopkins University/CNES/Google Maps)

 

Uma onda sísmica “misteriosa”, identificada em 2014 e considerada um “sinal de vida alienígena”, pode ter sido causada por algo bem mais comum: um caminhão barulhento, segundo cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

O abalo inicialmente foi considerado o resultado de um meteoro que caiu ao norte do arquipélago de Papua Nova Guiné, no oceano Pacífico. Esse fenômeno até gerou uma expedição, em agosto de 2023, organizada pelo polêmico astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard (EUA), que diz ter encontrado vestígios extraterrestres no fundo do oceano.

Após a entrada do meteoro na atmosfera, uma estação sísmica na Ilha Manus, que faz parte do arquipélago, registrou várias vibrações no solo, revela o jornal americano New York Post. Aparentemente esses sinais eram provenientes do caminhão.

“O sinal mudava de direção ao longo do tempo, correspondendo exatamente a uma estrada que passa perto do sismógrafo. É realmente difícil captar um sinal e confirmar que não é o que se imagina. Mas precisamos mostrar que existem muitos sinais como esse, com todas as características que esperaríamos de um caminhão e nenhuma que veremos na queda de um meteoro”, explica o sismólogo Benjamin Fernando, líder do estudo feito pela Universidade Johns Hopkins.

 

Esfera supostamente extraterrestre, recuperada pela expedição liderada pelo astrofísico Avi Loeb (Foto: Avi Loeb/Divulgação)

 

De acordo com o pesquisador, os dados foram mal interpretados e o meteoro entrou na atmosfera da Terra em um ponto diferente. Ele e sua equipe não conseguiram encontrar evidências de ondas sísmicas geradas pela rocha espacial.

“A localização da bola de fogo, na verdade, estava muito longe de onde a expedição oceanográfica foi recuperar os fragmentos de meteoros [citando a equipe de Avi Loeb]. Eles não apenas usaram o sinal errado, mas também estavam procurando no lugar errado”, comenta Benjamin Fernando, citado pelo jornal americano.

Os dados examinados pelo sismólogo sugerem que o local real da queda do meteoro está a, pelo menos, 160 km de onde a expedição foi investigar. O que foi recuperado, na verdade, seriam meteoritos que acumularam substâncias terrestres.

“O que quer que tenha sido encontrado no fundo do mar não tem nenhuma relação com esse meteoro, independentemente de ser uma rocha espacial natural ou um pedaço de uma nave espacial alienígena – embora suspeitemos fortemente que não eram extraterrestres”, diz Benjamin, citado pelo New York Post.

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