Ciência

Superbactérias já existiam antes da descoberta do antibiótico pelos humanos, diz estudo

Cientistas detectaram a bactéria Staphylococcus aureus resistente à penicilina na pele do ouriço pigmeu africano

Por João Paulo Martins  em 07 de janeiro de 2022

O ouriço pigmeu africano é fofo e ajudou os cientistas a descobrirem uma das origens das superbactérias (Foto: Freepik)

 

Todo mundo sabe (ou devia saber) que o uso descontrolado de antibióticos leva ao surgimento de bactérias resistentes. Agora, um estudo publicado na última quarta (5/1) na renomada revista científica Nature mostra que os ouriços são a fonte original de uma superbactéria.

Cientistas encontraram a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (grupo da penicilina), também conhecido como superbactéria MRSA, nos pequenos e fofos ouriços pigmeus africanos (Atelerix albiventris).

“A descoberta dos antibióticos se deu há mais de 80 anos e levou a melhorias consideráveis na saúde humana e animal. Embora a resistência das bactérias que vivem no ambiente a esses medicamentos seja antiga, acredita-se que a resistência em patógenos humanos seja um fenômeno moderno impulsionado pelo uso clínico de antibióticos”, explicam os cientistas no artigo recém-publicado.

Na pesquisa, foi demonstrado que o dermatófito (fungo que causa infecção de pele) Trichophyton erinacei produz dois antibióticos na pele dos ouriços, o que, supostamente, criaria um ambiente protegido para o fungo.

Porém, a S. aureus resistente à meticilina encontrou uma forma de obter vantagem e sua resistência ao antibiótico surgiu antes que os humanos descobrissem a penicilina em 1928 – graças ao médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming.

“Essa pesquisa mostra que os ouriços são um reservatório natural de linhagens zoonóticas [causadoras de doenças em humanos] da MRSA anteriores à era dos antibióticos, o que é inconsistente com a visão comumente aceita de que a resistência generalizada em patógenos clínicos é um fenômeno moderno que é impulsionado pelo uso de antibióticos em humanos e na medicina veterinária”, sugerem os cientistas no estudo publicado na Nature.

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