Ciência

Sinal misterioso vindo da estrela Proxima Centauri não é extraterrestre

Conclusão faz parte de dois estudos recém-publicados que analisaram sinais de rádios provenientes da estrela anã vermelha que faz parte do sistema da Alpha Centauri

Por João Paulo Martins  em 26 de outubro de 2021

(Foto: Pixabay)

 

Cientistas descobriram que sinal de rádio misterioso proveniente da estrela Proxima Centauri, do sistema estelar da Alpha Centauri, não é gerado por extraterrestres, e sim, pela interferência da tecnologia humana.

O sinal foi detectado pela primeira vez em 2020 como parte do projeto Breakthrough Listen, que busca evidências de assinaturas tecnológicas de alienígenas, incluindo ondas de rádio. A iniciativa usa alguns dos maiores radiotelescópios do mundo para capturar dados em faixas mais amplas do espectro de rádio em nosso Universo, explica o site americano de notícias científicas Space.

Um dos alvos do Breakthrough Listen é justamente Proxima Centauri, que está localizada a pouco mais de quatro anos-luz da Terra, e é uma anã vermelha orbitada por dois exoplanetas.

Os pesquisadores “ouviram” a estrela usando faixas de frequência de 700 MHz a 4 GHz, o que equivale a sintonizar mais de 800 milhões de emissoras de rádio ao mesmo tempo, com sensibilidade aumentada, informa o site.

Por meio do radiotelescópio Parkes, instalado na Austrália, os cientistas detectaram mais de 4,1 milhões de sinais de rádio potencialmente significativos vindos de Proxima Centauri. No entanto, após uma análise subsequente, a grande maioria deles se mostrou ter origem na Terra.

 

Filtrando sinais terrestres

 

Segundo o Space, para filtrar os sinais, primeiro os cientistas identificaram quais mudavam de frequência ao longo do tempo devido ao efeito Doppler, como a como sirene de ambulância que soa mais aguda quando está perto e mais grave quando se afasta.

Esse primeiro filtro restringiu os sinais de 4,1 milhões para cerca de um milhão, revela o site especializado.

Num segundo momento, os pesquisadores determinaram se os sinais pareciam vir diretamente de Proxima Centauri. Para tanto, o radiotelescópio foi colocado na direção da estrela e depois para longe, repetindo esse padrão várias vezes. Após essa ação, restaram 5.160 sinais de rádio.

“A busca por assinaturas tecnológicas é um esforço científico rigoroso e deliberativo que exige atenção aos detalhes e um alto grau de ceticismo”, diz o astrofísico Andrew Siemion, da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), que faz parte do projeto Breakthrough Listen, em entrevista Space.

Ele também faz parte da equipe que publicou na última segunda (25/10) dois estudos sobre os sinais de rádio na revista científica Nature Astronomy.

Entre os sinais restantes provenientes de Proxima Centauri, um deles, considerado o melhor “candidato”, foi denominado BLC1. Ele persistiu por mais de duas horas de observações e parecia estar presente apenas nas observações diretas da estrela, explica o site americano.

Porém, quando a radioastrônoma Sofia Sheikh, também da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA) e coautora dos dois estudos, analisou a fundo o sinal de rádio, descobriu que ele tinha características parecidas com cerca de 60 outras emissões que não vinham diretamente de Proxima Centauri.

Isso sugere que o BLC1 também não é uma assinatura tecnológica genuína da estrela.

“Esse sinal, embora tenha sido gerado por interferência de radiofrequência humana, era muito semelhante ao tipo de sinal que esperaríamos do espaço. Ele enganou nossos algoritmos para filtrar a interferência de radiofrequência e levamos meses para realizar a análise e reunir os dados para entender que foi gerado por humanos”, comenta Sofia Sheikh ao Space.

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