Ciência
Segundo estudo, cães são capazes de detectar a covid-19
Cientistas afirmam que cachorros treinados podem farejar a infecção por SARS-CoV-2 com 96% de precisão
Um estudo recente de prova de conceito (baseado em evidências) conduzido pela Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia revela que cães treinados são capazes de identificar amostras de covid-19 com 96% de precisão.
“Não é uma coisa simples que estamos pedindo aos cachorros. Eles devem ser criteriosos sobre a detecção do odor da infecção, mas também devem generalizar os cheiros de fundo de diferentes pessoas: homens e mulheres; adultos e crianças; pessoas de diferentes etnias e geografias”, comenta a pesquisadora Cynthia Otto, principal autora do estudo publicado em abril na revista científica Plos One, citada pelo site americano SciTechDaily.
Os cientistas descobriram que os animais podiam fazer isso, mas o treinamento devia ser feito com muito cuidado e, principalmente, usando muitas amostras. Neste caso, os cães foram treinados para discriminar entre os odores de indivíduos com e sem o novo coronavírus, incluindo vacinados, com base nos compostos orgânicos voláteis liberados pela urina.
Treinando para farejar covid-19
As amostras de covid-9 foram adquiridas de duas instituições médicas americanas, de pacientes adultos e pediátricos com SARS-CoV-2, bem como de pessoas com teste negativo, que serviram de controle.
Como o estudo foi realizado durante a pandemia e os laboratórios da Universidade da Pensilvânia estavam fechados, os pesquisadores fizeram parceria com Pat Nolan, um famoso treinador de cães baseado no estado de Maryland (EUA).
Foram usados oito labradores e um pastor-belga malinois que não haviam feito trabalho de detecção médica anteriormente. Primeiro, os cientistas os treinaram para reconhecer um cheiro característico, uma substância sintética conhecida como composto de detecção universal. Eles usaram uma “roda de aromas” com 12 braços, em que cada um é carregado com uma amostra diferente. Apenas um deles inclui a amostra desejada.
Quando os cachorros responderam consistentemente ao cheiro do composto de teste, a equipe começou a treiná-los para responder às amostras de urina de pacientes positivos para covid-19 e discernir as amostras positivas das negativas.
Resultados da pesquisa
Os dados conseguidos no estudo foram analisados com a ajuda do criminologista e estatístico Richard Berk, também da Universidade da Pensilvânia. A equipe descobriu que, após três semanas de treinamento, todos os nove cães foram capazes de identificar prontamente as amostras positivas para SARS-CoV-2, com 96% de precisão em média.
A sensibilidade, ou capacidade de evitar falsos negativos, no entanto, foi considerada baixa, em parte, segundo os pesquisadores, porque os critérios da pesquisa foram bem rigorosos: se os animais passassem uma vez sequer por uma amostra positiva sem reagir, isso era rotulado como “falta”.
Os cientistas encontraram muitos fatores complicadores no estudo, como a tendência dos cães de selecionar os tipos de pacientes, em vez da possibilidade de infecção pelo coronavírus.
Os cães também foram enganados pela amostra de um paciente cujo teste de covid-19 deu negativo, mas que havia se recuperado recentemente da doença.
“Os cachorros continuaram respondendo àquela amostra e nós dizíamos não a eles. Mas, obviamente, ainda havia algo na amostra do paciente que os cães estavam detectando”, diz a pesquisadora Cynthia Otto, citada pelo SciTechDaily.