Ciência
Raros diamantes "orgânicos" são encontrados a 400 km da superfície
Cientistas não sabem dizer porque essas pedras preciosas superprofundas se formaram a partir de antigos seres vivos
Uma pesquisa publicada na última sexta (20/8) no periódico científico Scientific Reports descreve diamantes raros formados a partir de organismos marinhos que foram depositados a mais de 400 km abaixo da superfície terrestre.
Como mostra o site de notícias científicas Science Alert, existem três tipos principais de diamantes que ocorrem naturalmente. Os litosféricos, que se formam na litosfera entre 150 e 250 km abaixo da superfície, são de longe os mais comuns e provavelmente o tipo que você encontra num anel de noivado.
Depois, há dois tipos mais raros: os diamantes oceânicos e os superprofundos continentais.
Os oceânicos são encontrados em rochas oceânicas, enquanto os diamantes continentais superprofundos são aqueles formados entre 300 e 1.000 km abaixo da superfície da Terra, informa o Science Alert.
Usando uma variação na assinatura de um isótopo de carbono, os cientistas conseguem dizer se o elemento químico tem origem orgânica ou inorgânica. Já se sabia que os diamantes oceânicos originalmente se formaram a partir do carbono orgânico de antigos seres vivos.
Por sua vez, os continentais superprofundos têm uma quantidade extremamente variável desse isótopo de carbono. É difícil dizer se eles são orgânicos ou não.
Mas no estudo recém-publicado, a equipe descobriu que os núcleos de diamantes continentais superprofundos têm uma composição semelhante aos oceânicos, ou seja, também contêm restos de criaturas marinhas.
“Trazendo um novo significado para o velho ditado do lixo para o luxo, essa pesquisa descobriu que a dinâmica da Terra, na verdade, transforma carbono orgânico em diamantes muitas centenas de quilômetros abaixo da superfície. Bolsões de rochas no manto mais profundo, chamadas plumas do manto, carregam os diamantes de volta à superfície da Terra por meio de erupções vulcânicas para os humanos desfrutarem como pedras preciosas”, explica o geólogo Luc Doucet, da Universidade Curtin, da Austrália, um dos autores da pesquisa, citado pelo Science Alert.
Quando sobem à litosfera, algumas dessas pedras superprofundas adquirem crostas de diamantes inorgânicos, o que explicaria sua composição tão variável, segundo os cientistas.
Ainda assim, os pesquisadores não sabem ao certo por que esses diamantes raros e profundos, encontrados a centenas de quilômetros da superfície terrestre estão usando carbono orgânico “reciclado”.