Ciência

Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Finalmente há uma resposta da ciência para esse "enigma"

Estudo recém-publicado revela que os ancestrais das aves e dos répteis não teriam botado ovo, mas dado à luz descendentes já formados

Por João Paulo Martins  em 15 de junho de 2023

(Foto: Freepik)

 

Um “enigma” muito conhecido intriga a humanidade há tempos: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Normalmente, respondemos que é o ovo, já que as aves são descendentes dos dinossauros, que botavam ovos. Mas um estudo publicado na última segunda (2/6), na revista científica Nature Ecology & Evolution, revela que os primeiros ancestrais das aves e dos répteis modernos podem ter dado à luz filhotes vivos, contrariando a resposta padrão do enigma.

Na pesquisa atual, os cientistas mostram que os primeiros ancestrais reptilianos da galinha, que datam de milhões de anos antes da evolução dos dinossauros, podem não ter posto ovos. Na verdade, eles acreditam que a casca dura desempenhou um papel crucial no sucesso evolutivo dos amniotas, um grupo de vertebrados que passam por desenvolvimento embrionário ou fetal dentro de um âmnio, uma membrana protetora dentro do ovo, há mais de 300 milhões de anos.

Segundo o tabloide britânico Daily Mail, para chegar a esse resultado, o estudo analisou 51 fósseis e 29 espécies vivas categorizadas como ovíparas – botam ovos de casca dura ou mole – ou vivíparas (dão à luz filhotes já formados).

Os pesquisadores afirmam que, embora o ovo de casca dura tenha sido visto como uma das maiores inovações na evolução, a chave do sucesso é a retenção prolongada do embrião, ou seja, quando os filhotes são mantidos pela mãe por um período variável de tempo, o que deu a esse grupo específico de animais a proteção máxima.

“Antes dos amniotas, os primeiros tetrápodes [animais que andam de quatro patas] que desenvolveram membros a partir das barbatanas de peixes tinham hábitos dos anfíbios. Eles tiveram que viver dentro ou perto da água para se alimentar e procriar, como os atuais sapos e salamandras. Quando os amniotas surgiram, há 320 milhões de anos, conseguiram se libertar da água desenvolvendo uma pele impermeável e outras formas de controlar a perda da hidratação. Mas o ovo amniótico foi a chave. Era uma ‘lagoa privada’ na qual o réptil em desenvolvimento era protegido do clima quente e seco, permitindo que se afastasse da orla e dominasse os ecossistemas terrestres", explica o pesquisador Michael Benton, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, um dos autores do estudo atual, citado pelo tabloide.

Ele acrescenta que a pesquisa recém-publicada joga no lixo o modelo clássico do “ovo de réptil” presente nos livros didáticos.

Os cientistas lembram que várias espécies de lagartos e cobras possuem uma estratégia reprodutiva flexível, podendo ser ovípara e vivípara.

“Às vezes, espécies intimamente relacionadas mostram ambos os comportamentos, e acontece que os lagartos vivos podem voltar a botar ovos com muito mais facilidade do que se supunha”, comenta o pesquisador Baoyu Jiang, da Universidade de Nanjing, na China, outro autor do estudo, também citado pelo Daily Mail.

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