Ciência

População japonesa foi formada por 3 grupos, afirma estudo

Exames de DNA revelam que o Japão moderno começou a ser moldado há 15.000 anos, mas um grupo que chegou no ano 300 trouxe inovação cultural e política

Por João Paulo Martins  em 20 de setembro de 2021

(Foto: Pixabay)

 

Um estudo publicado na última sexta (17/9) no periódico científico Science Advances avaliou os ancestrais dos japoneses por meio da genética e identificou uma contribuição crucial de pessoas que chegaram ao arquipélago asiático há cerca de 1.700 anos e ajudaram a revolucionar a cultura japonesa.

Segundo a agência alemã de notícias Reuters, o Japão, que possui cerca de 126 milhões de habitantes, carrega assinaturas genéticas de três populações antigas, em vez de apenas duas, como se pensava anteriormente.

Os pesquisadores analisaram o DNA extraído de ossos de 17 japoneses ancestrais e compararam com bancos de dados genômicos modernos.

Contribuições genéticas previamente documentadas foram confirmadas em dois grupos antigos. O primeiro diz respeito a uma cultura de caçadores-coletores do Japão que viveu cerca de 15.000 anos atrás, no período conhecido como Jomon.

O segundo grupo era formado por habitantes do nordeste asiático e chegou no arquipélago por volta de 900 a.C., levando consigo o cultivo de arroz em solo encharcado. Esse período ficou conhecido como Yayoi.

Os japoneses modernos possuem de 13% a 16% de ancestralidade genética desses dois grupos, respectivamente, afirma o estudo, citado pela Reuters.

Mas os 71% restantes da ancestralidade estão ligados a uma terceira população antiga com origens do leste asiático que chegou ao Japão por volta do ano 300, no período conhecido como Kofun.

Esse grupo foi importante para vários avanços culturais e políticos e, como mostra a agência alemã, parece ter ancestrais conectados aos do povo Han, que constitui a maior parte da população da China.

“Estamos muito entusiasmados com nossas descobertas sobre a estrutura tripartida da população japonesa. A descoberta é significativa em termos de reescrita das origens do japonês moderno, aproveitando o poder genômico dos ancestrais”, afirma o geneticista Shigeki Nakagome, da universidade Trinity College, de Dublin, na Irlanda, um dos autores do estudo, citado pela Reuters.

O período Kofun recebeu esse nome devido às grandes tumbas de barro construídas para membros da classe dominante, numa época em que havia importação de tecnologia e cultura da China por meio da península coreana, esclarecem os cientistas.

“Os caracteres chineses começaram a ser usados [no Japão] nesse período, como os que constam em instrumentos de metal, por exemplo, as espadas”, comenta Nakagome à agência.

Ainda conforme os pesquisadores, a genética da população japonesa permaneceu estável durante o período Kofun, que durou do ano 300 ao 700.

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