Ciência
Objeto que explodiu sobre o Pacífico em 2014 tinha origem “alienígena”, diz governo dos EUA
Um documento secreto do governo americano sobre o meteoro que cruzou o céu de Papua Nova Guiné, há oito anos, revela que ele é interestelar
Uma bola de fogo que atravessou os céus de Papua Nova Guiné, na Oceania, em 2014, era um objeto “alienígena”, segundo documento divulgado na última quarta (6/4) pelo Comando Espacial dos EUA (United States Space Command ou USSC).
Como mostra a revista americana Vice, o objeto em questão, um pequeno meteorito medindo apenas 45 cm de diâmetro, atingiu a atmosfera da Terra em 8 de janeiro de 2014, depois de viajar pelo espaço a mais de 210.000 km/h – uma velocidade que excede em muito a média dos meteoros que orbitam nosso Sistema Solar.
A descrição do corpo celeste “alienígena” consta de um estudo de 2019 publicado no repositório científico online arXiv (não revisado por outros cientistas). Nessa pesquisa, a velocidade do pequeno meteoro, junto à trajetória de sua órbita, provou com 99% de certeza que ele se originou muito além do nosso Sistema Solar.
“Possivelmente do interior profundo de um sistema planetário ou de uma estrela no espesso disco da Via Láctea”, escreveram os autores na época. Mas, apesar de sua quase certeza, o artigo da equipe nunca foi revisado ou publicado em uma revista científica, pois alguns dos dados necessários para verificar os cálculos foram considerados secretos pelo governo dos EUA, de acordo com a Vice.
Agora, os pesquisadores do USSC confirmaram oficialmente as descobertas de 2019. Em memorando datado de 1º de março e compartilhado no Twitter em 6 de abril, o tenente-general John E. Shaw, vice-comandante do USSC, afirma que a análise de 2019 da bola de fogo era “suficientemente precisa para confirmar uma trajetória interestelar”.
Essa confirmação retroativa faz do meteoro de 2014 o primeiro objeto interestelar já detectado em nosso Sistema Solar, acrescenta o documento. A detecção desse corpo celeste antecede em três anos a descoberta do famoso asteroide Oumuamua, que chegou até a ser considerado uma “nave extraterrestre”.
Em entrevista à Vice, o astrofísico Amir Siraj, da Universidade de Harvard (EUA), principal autor do estudo de 2019, diz que pretende publicar a pesquisa original, para que a comunidade científica possa continuar de onde ele e seus colegas pararam. Como o meteorito explodiu na atmosfera sobre o oceano Pacífico Sul, é possível que fragmentos tenham caído na água e permanecido no fundo do mar.
Embora localizar esses restos de detritos interestelares possa ser uma tarefa quase impossível, Siraj revela que já está consultando especialistas sobre a possibilidade de montar uma expedição para recuperá-los.