Ciência

O Sol, por ser uma estrela anã amarela, não seria interessante para extraterrestres, diz estudo

Ao analisarem as chances de uma civilização avançada buscar novos lares no Universo, cientistas descobriram que estrelas anãs vermelhas e laranjas são mais atraentes

Por João Paulo Martins  em 01 de novembro de 2022

Como o Sol é uma estrela anã amarela de vida "curta", pode não ser interessante para extraterrestres (Foto: Solar Orbiter/EUI Team/ESA & Nasa/Divulgação)

 

Além de a vida inteligente ser algo considerado extremamente raro em nosso Universo, os obstáculos às viagens interestelares são um desafio à parte. Ainda assim, um estudo compartilhado em 20 de outubro no repositório científico online arXiv (ainda não revisado) sugere que talvez nosso Sistema Solar não seja atraente o suficiente para civilizações extraterrestres de longa duração e em rápida expansão.

Os cientistas levaram em conta o chamado Paradoxo de Fermi, criado pelo físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) e que trata da discrepância entre o incomensurável número de estrelas no Universo e o fato de jamais termos detectado sinal de vida fora da Terra. Como mostra o site americano Science Alert, primeiro é preciso entender a Equação de Drake, uma estimativa probabilística criada em 1961 pelo astrônomo americano Frank Donald Drake (1930-2022) para sugerir o número de civilizações existentes na Via Láctea.

A expressão não diz quantas civilizações existem, mas apresenta as variáveis que devem ser levadas em conta se quisermos pensar na existência de vida inteligente em exoplanetas.

Um componente muito importante da Equação de Drake são as estrelas. A equação considera a taxa de formação de estrelas na galáxia, quantas delas possuem planetas e quantos desses planetas podem hospedar vida. Além disso, a equação questiona quantos desses exoplanetas desenvolvem vida, quanto dessa vida se torna civilizações tecnológicas e quantas dessas civilizações revelam sua presença emitindo sinais no espaço. Finalmente, estima o tempo de vida dessas civilizações.

No estudo recém-divulgado, os pesquisadores Jacob Haqq-Misra, do Instituto Blue Marble de Ciência do Espaço, em Seattle (EUA), e Thomas J. Fauchez, da Universidade Americana, em Washington (EUA),  abordaram o Paradoxo de Fermi com foco em determinados tipos de estrelas. Segundo os cientistas, citados pelo Science Alert, nem todos os tipos de estrelas são desejáveis ​​para uma civilização tecnológica em expansão. Estrelas de baixa massa, particularmente as anãs K (laranjas), seriam as melhores opções para uma possível migração de extraterrestres.

 

Estrelas atraentes para civilizações

 

“Uma civilização em expansão poderia se espalhar rapidamente pela galáxia, então a ausência de assentamentos extraterrestres no Sistema Solar implica que tais civilizações expansionistas não existem”, afirmam os autores tomando como base o Paradoxo de Fermi. Porém, eles sugerem que uma civilização em expansão se estabelecerá preferencialmente em sistemas estelares compostos por estrelas anãs do tipo K (laranjas) ou M (vermelhas) de baixa massa, evitando as muito densas, para aumentar a permanência na galáxia.

Claro que se levarmos em conta o cálculo de tempo para os humanos, a longevidade de uma estrela pode parecer uma eternidade, mas para uma civilização que tem um milhão ou mais de anos e se expandiu para diferentes sistemas solares, a idade de um Sistema Solar pode ser essencial.

O nosso Sol é classificado como uma estrela anã G (amarela) com cinco bilhões de anos e que deve emitir luz por mais cinco bilhões de anos. Ele é composto essencialmente por 78,5% de hidrogênio e 19,7% de hélio.

Já as anãs K e M têm vida longa, afirma o Science Alert. Por isso seriam o alvo de uma civilização extraordinariamente avançada. Afinal, colonizar outro sistema solar exigiria muitos recursos e não seria sensato gastá-los com uma estrela de “vida curta” como nosso Sol.

Os pesquisadores dizem que levaria dois bilhões de anos para uma civilização extraterrestre alcançar todas as estrelas de baixa massa. “Isso exigiria capacidades de viagem interestelar de não mais do que cerca de 0,3 ano-luz para alcançar cada anã M e cerca de dois anos-luz para cada anã K”, escrevem Jacob Haqq-Misra e Thomas Fauchez.

Com capacidade de viajar ainda mais rápido, a civilização poderia reduzir drasticamente esse período de dois bilhões de anos. “Uma expansão ainda mais rápida pode ocorrer dentro de dois milhões de anos, com necessidades de viagem de cerca de 10 anos-luz para chegar a todas as anãs M e cerca de 50 anos-luz para as anãs K”, dizem os autores.

Essas estimativas são baseadas em uma civilização capaz de se espalhar pela galáxia em ondas gravitacionais. Além disso, podem haver períodos de tempo em que a civilização encontre estelas e se expanda rapidamente pela galáxia sem a necessidade de voos espaciais relativísticos – baseados na Teoria da Relatividade de Albert Einstein (1879-1955).

Os cientistas acreditam que pode haver uma estrela de baixa densidade em nossa Via Láctea na mira de alguma civilização extraterrestre avançada, mas nós simplesmente não conseguimos identificar. Segundo eles, ainda vale a pena procurar por sinais de vida inteligente e nosso alvo deve ser as estrelas anãs do tipo K e M.

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