Ciência

O que pode dar errado? Cientistas ressuscitam vírus perigoso de quase 50.000 anos

O micro-organismo estava congelado no permafrist da Sibéria e foi revivido em laboratório

Por João Paulo Martins  em 28 de novembro de 2022

(Foto: Pixabay)

 

Cientistas ressuscitaram, com sucesso, um vírus que estava há quase 50.000 anos preso no permafrost (solo congelado) da Sibéria, na Rússia, reforçando as preocupações de que o aquecimento global pode levar ao retorno de micro-organismos antigos e perigosos.

O fato de o micróbio ainda ser capaz de infectar células destaca o perigo dos chamados “vírus zumbis” que poderiam emergir de solos descongelados, afirmam os pesquisadores, citados pelo jornal britânico The Times.

Conhecido como pandoravírus, o micro-organismo que foi revivido é capaz de infectar apenas organismos unicelulares e, por enquanto, não representa uma ameaça aos seres humanos. Ele ficou preso por 48.500 anos sob o leito de um lago em Yakutia, o que o torna o vírus “vivo” mais antigo a ser recuperado até agora.

Um dos responsáveis pelo feito, o pesquisador Jean-Michel Claverie, da Universidade de Aix-Marseille, na França, lembra que cerca de 20% do solo do hemisfério norte é formado por permafrost, que está descongelando, liberando matéria orgânica que esteve aprisionada por até um milhão de anos. Grande parte se decomporá, produzindo dióxido de carbono (CO²) e metano, o que ajudará a piorar o aquecimento global, revela o jornal britânico.

No entanto, o permafrost também contém vírus e outros micróbios que permanecem inativos desde os tempos pré-históricos. Desde 2015, mostra o The Times, não houve registro de descoberta de vírus “vivos” no solo congelado. “Isso sugere erroneamente que tais ocorrências são raras e que os ‘vírus zumbis’ não são uma ameaça à saúde pública”, afirmam os cientistas.

Porém, no laboratório, os pesquisadores foram capazes de isolar 13 tipos de vírus de sete antigas amostras de permafrost siberiano. Eles direcionaram os estudos apenas aos micro-organismos capazes de infectar uma ameba conhecida como acanthamoeba. Nesse caso, levaram em conta razões de segurança, já que esses vírus não poderiam infectar pessoas. “O risco biológico associado ao ato de reviver vírus pré-históricos que infectam amebas é… Totalmente insignificante”, dizem os pesquisadores, citados pelo jornal britânico.

Por outro lado, eles alertam que investigações voltadas a “paleovírus”, que poderiam ser encontrados em restos preservados de mamutes, rinocerontes lanudos e cavalos pré-históricos conservados no permafrost é arriscado, pois possuem capacidade de infectar mamíferos.

Carregar Mais