Ciência

Novo tipo de onda do campo magnético da Terra pode explicar as estranhas flutuações do magnetismo do planeta

Segundo os cientistas, essa onda é mais lenta e aferia principalmente o campo magnético localizado na região do Equador

Por João Paulo Martins  em 30 de maio de 2022

As novas ondas do campo magnético da Terra se movem lentamente (Foto: ESA/Space.com/Reprodução)

 

Um novo tipo de onda magnética, que viaja lentamente, foi descoberto no interior da Terra e pode ajudar a entender algumas flutuações inexplicáveis no campo magnético do planeta. Essa explicação faz parte de um estudo publicado em março na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

O campo magnético da Terra, gerado pelo movimento do núcleo do planeta, nos protege dos impactos da radiação cósmica. Apesar de décadas de pesquisa, cientistas ainda não entendem completamente o comportamento do campo e, nos últimos 20 anos, encontraram flutuações estranhas a partir de medições de satélite.

No novo estudo, baseado em dados da missão Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), que usa três satélites para avaliar o campo magnético terrestre, pesquisadores descobriram um tipo de onda magnética até então desconhecido que poderia explicar as misteriosas flutuações do magnetismo do planeta.

Como mostra o site americano Space, a onda magnética se propaga a mais de 3.000 km de profundidade, onde o núcleo do planeta encontra seu manto. Ela viaja para o oeste a uma velocidade de 1.500 km por ano, o que significa que circula o globo a cada sete anos.

“Os geofísicos há muito teorizam sobre a existência de tais ondas, mas acreditavam que elas ocorriam em escalas de tempo muito mais longas do que nossa pesquisa mostra. Medidas do campo magnético por instrumentos instalados na superfície da Terra sugeriram que havia algum tipo de ação das ondas, mas precisávamos da cobertura global oferecida pelas medições do espaço para revelar o que realmente está acontecendo”, explica o pesquisador Nicolas Gillet, geofísico da Universidade de Grenoble Alpes, na França, um dos autores do estudo, citado pelo site especializado em notícias científicas.

Os cientistas combinaram dados dos três satélites do projeto Swarm com medições feitas pelo satélite alemão Champ (já aposentado) e pelo dinamarquês Ørsted. Usando simulação do geodínamo da Terra, feita em computador, para imitar o processo de geração do campo magnético pelos movimentos do núcleo fundido do planeta, eles descobriram que o novo tipo de onda, mais lenta, poderia ser a causa das flutuações do magnetismo terrestre.

Como mostra o Space, os pesquisadores acreditam que as ondas lentas se alinham em uma coluna ao longo do eixo da Terra e causam mudanças mais significativas no campo magnético localizado ao redor da linha do Equador. Ainda assim, não sabem que tipos de processos no núcleo desencadeiam essas ondas.

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