Ciência

Nasa encontra carbono e água nas amostras do asteroide Bennu

Esses elementos são essenciais para o surgimento de vida e podem ajudar a explicar a origem do Sistema Solar e do nosos planeta

Por João Paulo Martins  em 11 de outubro de 2023

Cientistas encontraram amostras extras do asteroide Bennu quando abriram a cápsula de retorno (Foto: Nasa/Erika Blumenfeld & Joseph Aebersold/Dibulgação)

 
Análises iniciais da Nasa das amostras do asteroide Bennu, de 4,5 bilhões de anos, coletadas pela missão OSIRIS-REx em 2020 e trazidas à Terra em setembro de 2023, mostram evidências de alto teor de carbono e água, essenciais para a origem da vida. A informação foi divulgada pela agência espacial americana nesta quarta (11/10), no Centro Espacial Johnson, em Houston, no Texas (EUA), onde cientistas estão divulgando, pela primeira vez, o material obtido do asteroide.

“As amostras OSIRIS-REx são as maiores retiradas de asteroides contendo carbono e enviadas à Terra. Elas ajudarão os cientistas a investigar as origens da vida no nosso planeta”, comenta o administrador da Nasa, Bill Nelson, citado pelo site da agência. “Quase tudo o que fazemos na Nasa procura responder a questões sobre quem somos e de onde viemos. Missões da Nasa como a OSIRIS-REx vão melhorar nossa compreensão dos asteroides que podem ameaçar a Terra, ao mesmo tempo que nos dão uma ideia do que está além”, completa.

Embora seja necessário mais trabalho para compreender a natureza dos compostos de carbono encontrados nas amostras de Bennu, a descoberta inicial é um bom presságio para análises futuras da composição do asteroide. Os segredos guardados na rocha espacial serão estudados pelas próximas décadas, oferecendo insights de como o nosso Sistema Solar foi formado, como os materiais precursores da vida podem ter sido semeados na Terra e quais precauções precisam ser tomadas para evitar colisões de grandes asteroides.

A missão OSIRIS-REx coletou 60 g de material do Bennu, que estão sendo analisadas em salas limpas construídas especialmente para essa função. Para que as imagens das amostras fossem feitas, a equipe passou 10 dias desmontando cuidadosamente a estrutura da cápsula de retorno. Quando a tampa do recipiente científico foi aberta pela primeira vez, os cientistas identificaram material extra do asteroide cobrindo a parte externa da cabeça do coletor, da tampa do recipiente e da base. Havia tanto material extra que retardou o cuidadoso processo de coleta e contenção da amostra primária, explica a Nasa em seu site.

“Nossos laboratórios estavam prontos para tudo o que Bennu tinha reservado para nós. Tivemos cientistas e engenheiros trabalhando lado a lado durante anos para desenvolver caixas de luvas e ferramentas especializadas para manter o material do asteroide intocado e para curar as amostras para que os pesquisadores de agora e por décadas possam estudar esse precioso presente do cosmos”, diz Vanessa Wyche, diretora do Centro Espacial Johnson.

Nas primeiras duas semanas, os cientistas realizaram análises “rápidas” das amostras, coletando imagens usando microscópio eletrônico de varredura, medições infravermelhas, difração de raios X e análise de elementos químicos. Tomografia computadorizada também foi usada para produzir um modelo computacional 3D de uma das partículas, destacando seu interior diversificado. Este vislumbre inicial forneceu evidências da abundância de carbono e água no material.

Carregar Mais