Ciência
Meteoritos encontrados na África contêm amostras do diamante mais raro e duro do Universo
Cientistas idenfiticaram cristais de lonsdaleíta, que possuem estrutura hexagonal, nos meteoritos do tipo ureilitos
Após analisar amostras de quatro meteoritos encontrados no noroeste da África, cientistas identificaram os raríssimos diamantes hexagonais, que não ocorrem naturalmente na Terra. os achados foram publicados na última segunda (12/9) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Como mostra o site americano IFL Science, há bilhões de anos havia um planeta anão na parte central do Sistema Solar com o manto rico em carbono. Após uma colisão catastrófica com um grande asteroide, esse carbono foi comprimido e se transformou no mais resistente e raro mineral do Universo, o lonsdaleíta, cujos átomos são organizados em estruturas hexagonais em vez de formas cúbicas dos diamantes tradicionais.
Esses cristais de lonsdaleíta ficaram presos em meteoritos do tipo ureilitos, uma forma rara de rochas espaciais pedregosas que são ricas em carbono, geralmente grafite e nanodiamantes. No estudo recente, cientistas estabeleceram uma conexão entre os cristais e o meteorito e sugerem que os diamantes teriam sido formados a partir do manto de um planeta anão destruído há muito tempo, revela o site americano.
O grafite, composto por camadas de carbono organizadas em uma grade hexagonal, teria se transformado em diamante e lonsdaleíta. A equipe acredita que o impacto criou uma correnteza de carbono, hidrogênio, oxigênio e enxofre, que interagiram com o grafite a altas temperaturas e pressões moderadas, o que permitiu que o carbono mantivesse a estrutura hexagonal do grafite, mas em formas 3D, e não em camadas 2D.
“Mais tarde, a lonsdaleita foi parcialmente substituída por diamante à medida que o ambiente esfriava e a pressão diminuía”, comenta o pesquisador Andy Tomkins, da Universidade Monash University, principal autor do estudo, citado pelo IFL Science.
Por meio da microscopia eletrônica, os cientistas estudaram fatias dos meteoritos africanos, permitindo o entendimento de como a lonsdaleita se formou e como foi parcialmente substituída por diamantes e grafites.
Além disso, as amostram continham os maiores cristais de lonsdaleita já descobertos – com tamanho de até um mícron (0,0001 cm), muito mais fino que um cabelo humano.
De acordo com o IFL Science, a raríssima lonsdaleita é considerada mais dura que os diamantes devido à sua estrutura, mas isso nunca foi comprovado em laboratório porque, até agora, só haviam sido encontrados exemplares extremamente pequenos. No entanto, os quatro ureilitos apresentavam amostras desse cristal mil vezes maiores do que qualquer outro já encontrado.
A lonsdaleita recebeu esse nome em homenagem à cristalógrafa britânica Kathleen Lonsdale que, em 1945, junto com a bioquímica Marjory Stephenson, foram as primeiras mulheres a serem aceitas na Sociedade Real (Royal Society) do Reino Unido.