Ciência

Lixo gerado pelas máscaras de proteção contra covid-19 aumentou 8.400% em 2020

Estudo revela que a falta de legislação sobre o descarte adequado das proteções faciais criou um novo e perigoso poluidor

Por João Paulo Martins  em 10 de dezembro de 2021

(Foto: Freepik)

 

Estudo publicado na última quinta (9/12) na revista científica Nature Sustainability revela que o lixo causado pelas máscaras de proteção facial aumentou 8.400% de março a outubro de 2020, durante a quarentena provocada pela covid-19.

Segundo o site americano de notícias científicas EurekAlert, os pesquisadores pedem que governos estabeleçam políticas e legislações para o descarte adequado das máscaras descartadas.

A pesquisa analisou o banco de dados britânico Covid-19 Government Response Tracker e o aplicativo de coleta seletiva de lixo Litterati, da ONG americana de mesmo nome.

Mais de dois milhões de materiais descartados foram coletados em 11 países, inclusive os que implantaram medidas sanitárias obrigatórias durante a pandemia de coronavírus. Usando esses dados, os cientistas foram capazes de relacionar as políticas dos países (severidade do bloqueio e políticas de máscara) à quantidade de lixo descartado de setembro de 2019 até os primeiros seis meses de 2020.

“No geral, o estudo mostra o impacto que a legislação sobre o uso de itens como máscaras pode ter na produção de lixo. Descobrimos que as máscaras sujas tiveram um aumento exponencial a partir de março de 2020, resultando em um aumento de 84 vezes até outubro de 2020. Há uma necessidade clara de garantir que a exigência do uso desses itens seja acompanhada de campanhas educacionais para limitar sua liberação no meio ambiente”, comenta o pesquisador Keiron Roberts, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, um dos autores do estudo, citado pelo EurekAlert.

Ele lembra que apesar de a quarentena ter reduzido a poluição do ar, com a diminuição da atividade humana nas cidades, começaram a surgir relatos de máscaras e luvas aparecendo em praias e ruas. “À medida que a covid-19 se espalhava, o mesmo acontecia com as notícias sobre esse novo tipo de lixo. Os lockdowns tornaram incrivelmente difícil sair e visitar esses lugares para reunir evidências dos relatos”, completa o cientista.

Sem poder ir a campo devido à pandemia, os pesquisadores usaram os bancos de dados junto com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e com as políticas sanitárias dos países para entender como isso afetava as proporções de lixo gerado. “Não foi uma surpresa ver o aparecimento das máscaras descartadas, mas o que nos surpreendeu foi como as legislações dos países impactou dramaticamente a ocorrência de lixo vinculado à covid-19”, diz Keiron Roberts ao site especializado.

O estudo lembra que o descarte irregular das máscaras de proteção facial geram vários impactos diretos no mundo, podendo atuar como um vetor viral em potencial para transmitir covid-19, se são encontradas por animais, podem ser ingeridas e causar sufocamento, além de aumentarem a poluição de rios e oceanos.

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