Ciência

Hubble detecta a origem de 5 sinais misteriosos de rádio

Telescópio espacial da Nasa atuou em conjunto com equipamentos instalados na Terra para localizar a fonte de rajadas rápidas de rádio geradas entre 2019 e 2020

Por João Paulo Martins  em 20 de maio de 2021

Após detectar a possível origem do sinal de rádio, o telescópio Hubble ajudou a refinar a localização no espaço (Foto: Nasa/Divulgação)

Astrônomos vem tentando há anos desvendar a origem dos misteriosos sinais de rádio de alta energia que chegam à Terra e então, na maioria das vezes, desaparecem sem deixar vestígios. Surgiram todos os tipos de teorias para explicar essas rajadas rápidas de rádio, ou fast radio bursts (FRBs, em inglês), incluindo origem alienígena.

Em novembro de 2020, um conjunto de artigos na revista Nature anunciou a descoberta da origem do primeiro sinal de rádio proveniente da nossa galáxia. Ele era causado por magnetares, um tipo incomum de estrela morta, como a causa das potentes rajadas. No entanto, a conexão ainda não havia sido definitivamente comprovada.

Como mostra o site americano CNET, o estudo que será publicado na revista científica Astrophysical Journal (prévia disponível no repositório online arXiv), usou dados capturados pelo telescópio espacial Hubble, da Nasa, que ajudaram os pesquisadores a identificar a localização de cinco FRBs nos braços espirais de galáxias distantes.

A equipe analisou oito sinais de rádio, a maioria dos quais foi detectada pela primeira vez em 2019 e 2020, mas a localização de três deles permanece desconhecida.

Cinco dos oito FRBs captados na Terra eram originários dos braços espirais de galáxias distantes (Foto: Nasa/ESA/ Alexandra Mannings/Wen-fai Fong/Alyssa Pagan/Divulgação)

Ajuda essencial do Hubble

O famoso telescópio espacial da Nasa foi essencial no estudo. Detectores baseados na Terra, como o radiotelescópio australiano Australian Square Kilometer Array Pathfinder, permitem rastrear as rajadas rápidas de rádio até determinada região do céu.

Imagens adicionais da podem revelar se há uma galáxia ali, mas apenas como minúsculos pontos de luz. Quando o Hubble é acionado, a resolução é aumentada o suficiente para estudar as características das galáxias.

“Nesse caso, o Hubble confirmou a presença de braços espirais nessas galáxias, ou seja, descobriu estruturas espirais que não tínhamos sido capazes de ver antes”, comenta o astrofísico Wen-fai Fong, da Universidade Northwestern, coautor do estudo, citado pelo CNET.

A pesquisa ajuda na compreensão dessas explosões incomuns e energéticas e descarta algumas fontes possíveis. As galáxias em que muitos dos FRBs foram localizados são “estrelas massivas, relativamente jovens e ainda em formação”, de acordo com os cientistas.

Mas os braços espirais de uma galáxia normalmente não abrigam um grande número de estrelas mais jovens e brilhantes.

A identificação da origem dos sinais de rádio ajuda a descartar duas causas: eles provavelmente não vêm de estrelas mortas, que ocorrem nas regiões mais brilhantes das galáxias; nem são causados por fusões de estrelas de nêutrons, que podem levar bilhões de anos para ocorrer e não são comumente encontradas em braços espirais.

Ainda assim, a descoberta que contou com o telescópio Hubble não exclui uma das principais teorias de geradores de FRB: os magnetares. Essas estrelas lançam campos magnéticos superpoderosos e isso poderia ser a causa das rajadas rápidas de rádio no universo.

Carregar Mais