Ciência
Homens traem mais devido à testosterona, afirma cientista e escritora
Segundo a bióloga evolucionista Carole Hooven, os níveis do hormônio masculino influenciam diretamente no quanto “fiel e paterno” o homem pode ser
Todo mundo sabe (ou imagina) que os homens traem muito mais que as mulheres. Normalmente essa necessidade de buscar relacionamentos extraconjugais é associada a algo cultural. Porém, segundo a bióloga evolucionista e escritora americana Carole Hooven, da Universidade de Harvard (EUA), a testosterona (hormônio masculino), além de criar as diferenças entre homens e mulheres, afeta o desejo sexual.
“Dado o que sabemos sobre a evolução humana e as evidências da competição entre os homens pelo acesso sexual às mulheres, a explicação mais parcimoniosa dessas diferenças é que os homens estão adaptados para ter um impulso sexual maior do que as mulheres e uma forte preferência pela novidade sexual”, explica a especialista em artigo publicado no jornal britânico The Telegraph.
Em seu novo livro Testosterone: The Story of the Hormone that Dominates and Divides Us (Testosterona: A História do Hormônio que nos Domina e nos Divide), Carole Hooven revela que os níveis de testosterona podem mudar quando os homens se casam e especialmente quando se tornam pais.
“Primeiro, a testosterona pode cair em homens que estão em relacionamentos sérios e a redução nesse caso está associada a ser um parceiro mais dedicado. Por outro lado, níveis elevados de testosterona são mais característicos dos homens que estão de olho nas chances de trair”, afirma a bióloga evolucionista no artigo.
Segundo ela, quando nasce o filho do casal, os níveis do hormônio masculino podem cair bastante. Essa queda, junto com outras mudanças hormonais, ajudam a fazer com que o trabalho dos pais pareça menos uma tarefa árdua e mais uma atividade gratificante e prazerosa. Além disso, conforme a especialista, a redução da testosterona também ajuda a minimizar o impulso de competição com outros machos em busca de outras parceiras.
“A cultura é importante, mas não há evidências de que ela possa explicar os padrões consistentes de diferenças na sexualidade em todo o mundo. As adaptações precisam de mecanismos, que surgem dos genes que foram selecionados preferencialmente porque conferem uma vantagem reprodutiva”, esclarece Carole Hooven no The Telegraph.
Qualquer que seja o mecanismo, é claro que deve ser diferente entre homens e mulheres, afirma a escritora. E os altos níveis de testosterona promovem características físicas e comportamentais destinadas a aumentar o sucesso do acasalamento.
“Há todos os motivos para pensar que os mecanismos que explicam a maior libido masculina e a preferência pela novidade sexual também envolvem a testosterona. Deixando os estudos em animais de lado, sabemos que grandes aumentos nos níveis de testosterona dos homens, indo de extremamente baixo ao normal, aumentam o desejo, a excitação e a função sexual”, esclarece a bióloga evolucionista da Universidade de Harvard.
Ela continua lembrando que o inverso também é verdadeiro, ou seja, o desejo, a excitação e a função sexual diminuem em homens que interromperam a produção de testosterona por razões médicas ou como parte de uma transição de gênero.