Ciência

Grande Mancha Vermelha de Júpiter tem cerca de 500 km de profundidade

Cientistas descobrem que a famosa tempestade é bem mais profunda do que se imaginava graças aos dados enviados pela espaçonave Juno, da Nasa

Por João Paulo Martins  em 29 de outubro de 2021

A Grande Mancha Vermelha de Júpiter é maior que a Terra e possui cerca de 500 km de profundidade (Foto: Nasa/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Gerald Eichstadt/Justin Cowart/Divulgação)

 

A Grande Mancha Vermelha do planeta Júpiter, famosa tempestade de tamanho colossal (maior que a Terra) que existe há séculos, é ainda mais profunda do que os pesquisadores imaginavam. Essa descoberta foi publicada na última quinta (28/10) na revista científica Science.

De acordo com o site americano de notícias científicas New Scientist, dados enviados pela espaçonave Juno, lançada pela Nasa em 2011 e que orbita Júpiter desde 2016, o interior do planeta gigante gasoso não é tão “caótico” quanto os cientistas acreditavam.

Usando emissões de micro-ondas, Juno fez leituras e análise da densidade do material dentro de Júpiter, abaixo de suas nuvens.

 

 

“Essa é a visão mais profunda que vimos de um planeta gigante. Antes disso, vimos apenas superficialmente”, comenta Scott Bolton, do Instituo de Pesquisa Southwest (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo New Scientist.

As medições da espaçonave da Nasa mostram que a Grande Mancha Vermelha se estende profundamente no planeta. As nuvens estão cerca de 240 km abaixo do topo da atmosfera jupteriana e a famosa tempestade pode chegar a 500 km de profundidade, revela o site especializado.

Duas tempestades menores também possuem “raízes” a centenas de quilômetros da faixa de nuvens, e os fluxos de jato que formam as faixas coloridas no topo da atmosfera do planeta se estendem por até 3.000 km, segundo o estudo.

 

Para os cientistas, as nuvens e tempestades de Júpiter não eram tão profundas (Foto: Nasa/ESA/A. Simon/Goddard Space Flight Center/M.H. Wong/University of California/Divulgação)

 

Os pesquisadores esperavam que essas profundidades fossem bastante homogêneas em Júpiter. “Geralmente, a ideia é que quando você desce abaixo da região iluminada pelo Sol, abaixo de onde a água se condensa na forma de nuvens, tudo se transforma em vapor. A maioria das pessoas achava que o centro do planeta fosse bem caótico, que não haveria ação climática lá embaixo”, diz Scott Bolton ao New Scientist.

O fato de as bases das tempestades serem tão profundas indica que as camadas da atmosfera do planeta gasoso estão mais interconectadas do que se pensava. “Em retrospectiva, faz sentido que as camadas não estejam completamente isoladas umas das outras, porque é uma bola gigante de gás”, completa o pesquisador.

Ainda são necessários novos estudos para descobrir como as várias camadas se conectam, diz Bolton, citado pelo site, e a espaçonave Juno ainda deve investigar outras tempestades jupterianas.

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