Ciência
Gigantesco radiotelescópio chinês Fast detecta uma fonte de sinais de rádio localizada fora da Via Láctea
O radiotelescópio localizado na província de Guizhou, na China, possui nada menos que 500 m de extensão
Usando o Radiotelescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (Five-hundred-meter Aperture Spherical Radio Telescope ou Fast), também conhecido como “China Sky Eye”, um grupo internacional de cientistas flagrou, pela primeira vez, uma agitação magnética nas proximidades de uma rajada rápida de rádio (fast radio burst) vinda de fora da Via Láctea.
Segundo estudo publicado na última quarta (21/9) na revista científica Nature, esse sinal pode ter se originado de um magnetar, que é uma estrela de nêutrons densa do tamanho de uma cidade com um campo magnético incrivelmente poderoso. Os pesquisadores identificaram 1,863 rajadas durante 82 horas, ao longo de 54 dias de atividade da fonte do sinal, que foi chamada de FRB 20201124A.
O que chamou a atenção dos cientistas nessa observação é que o sinal de rádio apresentava variações irregulares e de curta duração da chamada “medida de rotação de Faraday”, que corresponde à força do campo magnético e à densidade das partículas nas proximidades da fonte das rajadas. As variações subiram e desceram durante os primeiros 36 dias de observação e pararam repentinamente durante os últimos 18 dias antes da extinção da fonte de rádio, revela a agência chinesa de notícias Xinhua.
As descobertas mostraram que a emissão de rádio se extinguiu em 72 horas, um fenômeno anteriormente não detectado.
Para confirmar os achados, os pesquisadores usaram o telescópio W. M. Keck, de 10 m de diâmetro, localizado em Mauna Kea, no Havaí, para observar a galáxia rica em metais, e do tamanho da Via Láctea, que hospeda o magnetar.
Segundo a Xinhua, essa galáxia é espiralada e a fonte da rajada rápida de rádio estaria em uma região de baixa densidade estelar entre dois braços, a uma distância intermediária do centro.
Algumas observações recentes desse tipo de sinal de rádio dentro da Via Láctea sugeriram que alguns deles se originam de magnetares. Mas o estudo atual revela que é improvável que a fonte do sinal FRB 20201124A, explica a agência chinesa, seja um jovem magnetar formado após a forte explosão de uma estrela massiva, que teria gerado uma longa emissão de raios gama ou uma supernova superluminosa, o que traz mais complexidade à origem da rajada de rádio.