Ciência

Galáxias são as maiores poluidoras do Universo, afirmam cientistas

Estudo comprova que as galáxias recebem material limpo para formar estrelas e expelem “impurezas” quando ocorrem as supernovas

Por João Paulo Martins  em 31 de agosto de 2021

(Foto: Freepik)

Os humanos podem ser os grandes poluidores da Terra, mas cientistas descobriram que as galáxias são as grandes emissoras de "poluentes" do Universo.

Astrônomos usaram um novo sistema de imagem do observatório W. M. Keck, no Havaí (EUA), para confirmar que o material que flui para dentro de uma galáxia é muito mais limpo do que o que sai dela.

Os resultados foram publicados na última segunda (30/8) na revista científica The Astrophysical Journal Letters.

“Enormes nuvens de gás, especialmente hidrogênio e hélio, são puxadas para dentro das galáxias e usadas no processo de formação de estrelas. Usando um novo equipamento chamado Keck Cosmic Web Imager, pudemos confirmar que estrelas formadas a partir desse gás fresco eventualmente expulsam uma grande quantidade de material do sistema, especialmente por meio das supernovas”, explica a pesquisadora Deanne Fisher, da Universidade Swinburne, na Austrália, uma das autoras do estudo, citada pelo site americano de notícias científicas EurekAlert.

Esse material expelido, segundo a especialista, não é mais considerado “bom e limpo”, pois contém outros elementos, incluindo oxigênio, carbono e ferro.

De acordo com o site especializado, esse processo de aquisição de moléculas (acreção) e sua eventual expulsão (fluxos de saída) é um mecanismo importante que rege o crescimento, a massa e o tamanho das galáxias.

Até agora, no entanto, os cientistas só podiam supor a composição dos fluxos de entrada e saída. A pesquisa atual é a primeira que confirma o ciclo completo numa galáxia diferente da Via Láctea, revela o EurekAlert.

Para fazer essas descobertas, os pesquisadores se concentraram numa galáxia chamada Mrk 1486, que fica a cerca de 500 anos-luz do Sol e está passando por um “acelerado” período de formação de estrelas.

“Imagine que a galáxia é um frisbee girando. O gás do entorno do perímetro entra relativamente não poluído e então se condensa para formar novas estrelas. Quando, mais tarde, essas estrelas explodem, empurram outro gás, contendo diferentes elementos, pela parte superior e inferior”, esclarece Alex Cameron, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, também autor do estudo, citado pelo site americano.

Esses elementos (mais da metade da Tabela Periódica) são forjados nas profundezas dos núcleos das estrelas por meio de fusão nuclear, conforme o ErurekAlert. Quando viram supernovas (entram em colapso), elas expulsam o material para o Universo, gerando novas estrelas, planetas, asteroides e, no caso da Terra, a própria vida.

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