Ciência
Finalmente cientistas explicam a pareidolia, que nos faz ver rosto até na tomada
A capacidade instantânea de reconhecer faces, inclusive em objetos, faz parte da evolução humana e, por algum motivo, permanece até hoje
Enxergar expressão de susto na tomada, formas de bichos nas nuvens e até imagem de Jesus em manchas na madeira são associados ao efeito chamado pareidolia, ou seja, quando o cérebro insiste em transformar uma forma em algo reconhecível.
Esse fenômeno, até agora, nunca fui explicado cientificamente. No entanto, um estudo publicado na última quarta (7/7) no periódico científico Proceedings of The Royal Society B, encontrou evidências que sugerem que ele está ligado aos mesmos processos cognitivos que o cérebro usa para identificar e analisar rostos humanos reais.
“De uma perspectiva evolucionária, parece que o benefício de nunca deixar de reconhecer um rosto supera os erros de objetos inanimados serem vistos como faces. Há um grande benefício em detectar rostos instantaneamente, mas o sistema funciona de forma “rápida e descontrolada” aplicando um modelo bruto de dois olhos sobre o nariz e a boca. Muitas coisas podem satisfazer esse modelo e, assim, acionar a resposta de detecção de rosto”, explica o pesquisador David Alais, da Universidade de Sidney, na Austrália, principal autor do estudo, citado pela emissora britânica Sky News.
Segundo o especialista, o reconhecimento facial acontece quase na velocidade da luz em nosso cérebro. É uma questão de centenas de milissegundos.
“Sabemos que os objetos não são realmente rostos, mas a percepção de uma face perdura. Acabamos com algo estranho: uma experiência à parte em que temos um rosto atraente e um objeto. Duas coisas ao mesmo tempo”, comenta o cientista à emissora.
Esse erro conhecido como pareidolia facial é tão comum que as pessoas aceitam a noção de detecção automática de faces em coisas inanimadas como algo normal.
Além de imaginar rostos, os humanos dão-lhes atributos emocionais.
De acordo com o estudo, isso acontece porque, como seres profundamente sociais, simplesmente detectar um rosto não é suficiente.
Uma vez que a suposta face é reconhecida pelo cérebro, ela é analisada quanto à sua expressão da mesma forma que se faria com uma pessoa de verdade.
“Precisamos ler a identidade do rosto e discernir sua expressão. Ele é amigo ou inimigo? Está feliz, triste, com raiva, dor?”, afirma David Alais à Sky News.