Ciência
Extraterrestres procurando vida inteligente no Universo podem achar que a Terra não é habitável
Estudo publicado recentemente usaram na Terra as variáveis que determinam se um exoplaneta é havitável. Os resultados foram surpreendentes
Como a Terra apareceria para astrônomos alienígenas? O que suas observações lhes diriam se estivessem procurando por sinais de habitabilidade em um exoplaneta como o nosso? Isso é o que consta de um estudo pré-publicado na última terça (11/10) no repositório online arXiv, que revela que encontrar evidências de vida na Terra pode depender da época do ano em que os extraterrestres nos observam.
Os cientistas examinaram a aparência externa da Terra ao longo de diferentes estações do ano.
Uma civilização tecnológica em outro lugar da Via Láctea provavelmente usaria os mesmos princípios de nossos astrônomos na busca por exoplanetas habitáveis. Como mostra o site americano Universe Today, o estudo examina o espectro infravermelho da Terra a partir de um observador muito distante.
Os pesquisadores também avaliaram como a mudança das estações pode afetar os espectros da radiação infravermelha. “Aprendemos que existe uma variabilidade sazonal significativa no espectro de emissão térmica da Terra, e a força das características espectrais de bioindicadores, como N²O [óxido nitroso], CH4 [metano], O³ [ozônio] e CO² [gás carbônico], depende fortemente tanto da estação quanto da direção da visualização”, afirmam os cientistas, citados pelo site americano.
O estudo analisou quatro diferentes direções de observação: nos polos Norte e Sul, uma na região equatorial da África e outra na região equatorial do Pacífico. Foram usados também dados espectrais do satélite Aqua, da Nasa.
Segundo o Universe Today, os pesquisadores descobriram que, como não há uma amostra única e representativa das emissões infravermelhas da Terra, as estações do ano tornariam quase impossível a identificação de nosso planeta como habitável.
Os pesquisadores também descobriram que as emissões térmicas variaram muito segundo a direção da observação. A variabilidade nas leituras foi muito maior ao longo do tempo acima das massas de terra do que sobre os oceanos. A região equatorial da África e o Polo Norte foram as que apresentaram maior variação na emissão térmica.
A conclusão da pesquisa é que um planeta vivo e dinâmico como a Terra não pode ser caracterizado por um único espectro de emissões térmicas. Há muita coisa acontecendo aqui e os cientistas nem levaram em conta as nuvens e seus efeitos, informa o site americano.
“É necessário um trabalho futuro para investigar como as nuvens, a sazonalidade e as propriedades termodinâmicas delas afetam a detecção e o resultado da sazonalidade atmosférica”, escrevem os autores.
Eles afirmam ainda que algumas variações são pequenas e difíceis de identificar em separado quando se observa planetas distantes.
A complexidade da Terra a torna um alvo difícil para possíveis astrônomos alienígenas. “Essa complexidade torna a caracterização remota de ambientes planetários muito desafiadora. Usando a Terra como nosso banco de testes, aprendemos que um planeta e suas características não podem ser descritos por um único espectro de emissão térmica, mas por medições de várias épocas, preferencialmente em reflexão da luz e emissão em infravermelho”, concluem os cientistas, citados pelo Universe Today.